Hoje foi dia de mais uma longa etapa.
Dos 93 quilómetros programados passámos aos 98 quilómetros, fruto de alguma confusão na sinalização do Caminho. Esta é, aliás, uma das dificuldades que as etapas mais recentes têm introduzido: ou falta de sinalização, ou então ambígua.
No nosso caso, ao optarmos por seguir as setas em vez de seguir o track gps, fomos desviados cerca de 5 quilómetros de uma das primeiras localidades onde passámos (Tembleque).
Na etapa anterior os produtos hortícolas foram rei e senhor da paisagem… Hoje foi a vez de os olivais marcarem a paisagem, com oliveiras até literalmente perder de vista. É incrível a capacidade de produção de azeite que esta zona decerto tem.
Curiosamente o Caminho atravessa parte dos olivais de que falo. O terreno nesse trajeto é terrível, completamente pejado de pequenas pedras que dificultam muito a progressão.
No geral foi uma etapa acessível, onde já se nota a influência do relevo a que nos estamos a aproximar; junto a umas quantas subidas que foram bem suadas vieram também descidas a condizer.
A alguns quilómetros antes de Mora vimos um condutor parado num cruzamento, que tinha passado por nós há um par de minutos. Era um adepto dos Caminhos de Santiago que nos reconheceu como peregrinos e decidiu aguardar por nós para nos dar umas dicas. Falou-nos de algumas alternativas ao Caminho do Levante feitas no Caminho do Sudeste (o que acompanha quase em paralelo o Levante.
É curioso que o Caminho do Levante não é muito popular no seio dos habitantes destas regiões… Já nos tínhamos apercebido de que o Sureste e os de La Llana recebem mais simpatia. Ao que parece é o órgão da Galiza que é responsável pela homologação dos percursos dos Caminhos de Santiago que define por onde passa o Caminho do Levante, ao passo que os outros Caminhos que por aqui se vêem não aparentam ser regidos de forma tão supervisionada. Esta dependência de terceiros não parece cair na graça dos locais :).
Com o fim de etapa marcado para Toledo, concluímos aí a etapa bem mais cedo do que contávamos. Com o Tejo, na sua versão XS :), já à vista, percorremos a estrada que acompanha a margem esquerda do rio até chegarmos a uma das Portas que dão acesso à cidade.
Após algumas fotos da praxe, no meio da multidão o Frazão apercebeu-se de que alguém falava em português, aparentemente comentando o ligeiro aparato de dois ciclistas de mochila às costas. Aproveitámos para nos apresentarmos e com algum espanto os nossos conterrâneos aperceberam-se de que também éramos portugueses :). Afinal de contas o nosso povo está em todo o lado, pelo que sempre que falamos em português há sempre o risco de alguém perceber o que estamos a dizer :).
A estadia de hoje é num albergue juvenil (uma espécie de pousada da juventude) que não só tem excelentes condições, mas também tem um responsável muito atencioso e divertido. Sendo hoje dia de jogo da seleção espanhola e sendo este amigo um fervoroso adepto da modalidade, fizemos um tour pelas instalações e só mais tarde tratámos das formalidades, dado que o jogo estaria quase a iniciar :). Facto curioso: a seleção espanhola ganhou o jogo por 1 – 0.
Seguiu-se uma volta pela cidade histórica de Toledo, que conserva assombrosamente bem relíquias de há centenas de anos. É uma cidade que merece uma outra visita em “modo de turismo” para perceber com mais calma (e energia 🙂 ) as inclinadas ruas da cidade.
Jantar resolvido, crónica escrita, é agora hora de descansar. Amanhã será aparentemente a mais dura etapa (exceto o regresso a Portugal) e por isso hoje o descanso faz-se com ainda mais determinação 🙂

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