Etapa 7 – caminhando pela montanha

Colocado em 15 de Junho, 2016 | 1 comentário

5h da manhã  o despertador toca. Conscientes de que tínhamos apenas 40 quilómetros para percorrer na etapa de hoje até Ávila, prolongámos o sono por mais uma hora e pouco.
Eram 7h30 quando saímos do nosso albergue. Uma primeira descida pela estrada principal de Cebreros mostrou-nos que o corta vento que tínhamos optado por vestir ia estar a jeito. Contudo não foi preciso esperar muito para este se tornar supérfluo, pois a primeira subida em terra que encontrámos uns 5 minutos depois quase que nos sussurrou “hoje vão ter luta”.
E assim foi. Hoje foi a primeira etapa de montanha, com ascensão até cerca dos 1300 metros. A altimetria, ainda que se nível de dificuldade elevado, nem foi o nosso maior problema. Foi o facto de os trilhos já serem pouco aptos para quem circula a pé e para quem circula em bicicleta eram praticamente impossíveis. Para completar o ramalhete, o joelho direito começou a acusar a carga e exigiu um mimo de anti-inflamatório.
Ainda assim, a custo lá fomos subindo os trilhos íngremes e estreitos.
A marcação também nos deixou um pouco baralhados. A etapa tem em toda a sua extensão marcações recentes que levam o peregrino por terrenos ainda pouco (ou nada) marcados pela passagem de pessoas. Contudo, os sinais de trânsito da estrada em que essa nova marcação vai entrando e saindo exibem às antigas setas que marcavam o Caminho. O nosso track seguia pela marcação antiga, pelo que olhando para a reduzida transitabilidade dos trilhos novos, optámos por seguir o track. Lamentavelmente descobrimos alguns quilómetros a seguir que o track seguia por trilhos que já não existem. Plano B? Voltar atrás e literalmente trepar os novos trilhos a pé.
A dada altura damos por nós no meio de um prado relativamente pantanoso, rodeados por possantes vacas. A presença de um vitelo recém nascido mesmo no meio do nosso trilho fez-nos ter algum receio pela nossa segurança, pelo que não demorámos muito tempo a apreciar a paisagem nessas bandas 🙂 .
Por isso mais adiante tomámos um estradão que nos levou a uma estrada que acompanha o trilho e que nos levou até ao ponto mais alto do dia.
Aí deparámo-nos uma vez mais com uma situação duvidosa: o Caminho da marcação nova segue pelo interior de uma propriedade, mas o trilho em si não se distingue do resto da vegetação. Já com um pé atrás pela experiência anterior do dia, tomámos a decisão de seguir pelo alcatrão numa descida alucinante até Ávila.
Terminou assim a etapa que contém os únicos quilómetros do Caminho do Levante que cobrem a Região Autónoma de Madrid.
Hoje a estadia é pelo albergue Las Tenerias, albergue municipal muito catita. Finalmente encontrámos outros peregrinos, desta feita a Marie-Anne, que está neste momento a fazer a Via de la Plata e decidiu tirar um dia para vir até Ávila conhecer a cidade (já caminha há 4 meses, com partida em França – já passou pelo Caminho do Norte e Primitivo até Santiago), um peregrino japonês de 72 anos, duas peregrinas polacas e um casal idoso francês.
Amanhã regressamos às distâncias de 3 dígitos numa etapa até Nava del Rey. Há que descansar para deixar o corpo fazer o que tem a fazer em todas as reparações pendentes :).

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