E foi assim, 15 dias depois, cerca de 1220 quilómetros percorridos, que entrámos na mítica Praça do Obradoiro.
O dia começou como de costume com um bom pequeno almoço reforçado. O tempo lá fora não sei revelou muito agradável: o que inicialmente parecia nevoeiro era na realidade uma chuva miúda que nos obrigou a repensar a indumentária para este dia.
Impermeável vestido, lá nos pusemos no Caminho, deixando para trás Silleda.
O percurso tem uns quilómetros iniciais de descida entre alcatrão e trilhos que vão serpenteando ao longo da estrada nacional. Com a proximidade a Santiago deixam de ser tão frequentes os trilhos em floresta que ainda assim, vão surgindo de vez em quando.
Passados 7 ou 8 quilómetros o impermeável já era mais estorvo do que prático, pelo preferimos arriscar algumas pingas a manter a estufa.
Novamente a altimetria de hoje fazia entender que iríamos tendencialmente descer. Assim foi, mas às várias “arritmias” do gráfico de altimetria fizeram valer o pequeno almoço reforçado de hoje. 770 metros de acumulado positivo para 41 quilómetros, não sendo uma marca terrivelmente esforçada, já é um número interessante.
De todas as etapas esta foi a que mais peregrinos encontrámos. Como sempre, lá fomos vendo um ou outro “turigrino” de passo leve e pouca carga aos ombros, embora em muito menos quantidade que noutros anos.
Pela diferença do número de peregrinos que vimos noutras etapas, percebe-se que muitos planearam a chegada a Santiago para um destes dias até domingo.
A entrada na Praça do Obradoiro é sempre emocionante. Por mais anos e Caminhos que passem, a emoção apodera-se sempre de nós e é uma sensação indescritível chegar ao fim de uma jornada tão grande e sentir aquele gosto agridoce de conseguir cumprir um objetivo e ao mesmo tempo saber que a rotina do trabalho e do dia a dia está quase de regresso.
Ao fim de cerca de 20 minutos de termos chegado eis que reencontramos o nosso amigo Jordi, que também tinha acabado de chegar. Mais uma amizade que fica com a marca do Caminho!
Feitas as fotos, dirigimo-nos para o albergue Mundoalbergue, onde já é quase tradição passar a noite da chegada a Santiago. Preparámos as bicicletas para amanhã, fizemos o nosso lanche do almoço e fomos tratar de fazer uma “pequena” soneca, que se estendeu até às 17h.
A Oficina do Peregrino está agora localizada num outro edifício bem maior e mais prático. Para lá chegar há apenas que descer a rampa junto ao Parador, virar à direita e no final da rua virar à esquerda. Aí encontrarão o edifício novo.
Esperámos algum tempo na fila para a obtenção da Compostela, onde fomos percebendo de onde vinham muitos dos peregrinos que ali estavam. A maioria vinha de Sarria (Caminho Francês, últimos 100 quilómetros).
Depois do passeio típico pelas ruas de Santiago e de visitar as lojas de recuerdos, o objetivo seguinte foi encontrar uma boa empanada que só se encontram por aqui. Objetivo cumprido e fome saciada :).
Hoje o descanso é feito mais cedo do que o habitual. A nossa saída está prevista para as 5h da manhã e com 190 quilómetros para fazer, o roadbook tem de ser seguido à letra. E é com pena nossa que vamos descansar tão cedo, pois hoje é dia do festa por Santiago, com direito a fogo de artifício. Vale o facto de termos o São João de Braga à nossa espera amanhã :).

Antes de terminar, convidamos todos os que quiserem a acompanharem-nos nos nossos quilómetros finais. A nossa previsão de chegada a Valença é algures entre as 16h e as 17h. A partir daí continuamos pelo Caminho até Ponte de Lima, evitando algumas das subidas menos cicláveis (nomeadamente a Labruja). Em Ponte de Lima tomamos o Caminho Torres em direção a Braga, num misto de caminho e asfalto conforme a hora e as pernas.

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