Como o prometido é devido, partilho com todos vós a nossa derradeira etapa do Caminho deste ano, que aconteceu na passada sexta feira, dia 24.
Eram 4h da manhã quando o despertador tocou. Com as longas horas de pedalada qie tínhamos pela frente para realizar os 190 quilómetros por Caminho que nos separavam de Braga, não houve tempo para preguiçar antes de nos levantarmos.
Mais uma vez tomámos um pequeno almoço farto e já com tudo preparado pusemo-nos ao Caminho por volta das 5h20.
A esta hora as luzes foram imprescindíveis. Só amanheceria daí a pouco mais de uma hora e como ainda fizemos bastante Caminho às escuras, não fosse as luzes que levámos teríamos tido aqui um grande obstáculo para contornar.
Os quilómetros sucederam-se uns atrás dos outros bem mais céleres do que tínhamos planeado. O nosso objetivo era fazer o regresso a Braga sempre seguindo o Caminho, evitando apenas dois ou três pontos que, pelas caraterísticas dos trilhos, não são cicláveis e que preferimos contornar atendendo à limitação de tempo que tínhamos.
Como esperado, fomos encontrando bastantes peregrinos a fazer o Caminho Português, ainda que confesse que estava à espera de uma maior afluência. De qualquer modo, posso dizer com total certeza que vimos mais peregrinos nesta última etapa do que em todo o restante Caminho, e provavelmente num fator de 10.
É sempre bom revisitar o Caminho Português. Foi em 2010 que o conheci e que este “vício” se impregnou. O verde dos trilhos, a forma como transitamos de floresta para trilhos abertos, tudo no Caminho Português dá gosto de ver.
Pelo meio ainda houve direito a uma espécie de operação de salvamento. Encontrámos uma ovelha presa a um ramo de árvore por uma longa corda. Suponho que a ideia fosse proporcionar uma grande mobilidade à ovelha, mas esta estava toda enrolada à volta do tronco de uma árvore. Depois de umas voltas ao tronco lá consegui libertar a ovelha, mas infelizmente este animal não deve ter uma grande capacidade de aprendizagem, dado que passados alguns segundos já estava na mesma posição.

A chegada a Valença aconteceu bem mais cedo do que contávamos. Eram cerca de 13h portuguesas quando atravessámos a ponte que liga Tui a Valença, bem antes das 15h40 que tínhamos planeado. Esta folga deu-nos espaço para relaxar um pouco e descontrair no resto da viagem.
Aproveitámos para fazer umas compras para o almoço e regressámos aos trilhos por volta das 14h30.
A subida que antecede Ponte de Lima fez-nos suar um pouco por duas razões: por um lado a sua extensão e inclinação exigem pernas e por outro lado a mania dos condutores portugueses passarem bicicletas de fininho e sem abrandar também não facilitou a viagem nesta zona.
Um pouco antes de chegarmos a Rubiães tivemos uma surpresa inesquecível: cruzámo-nos com um casal australiano, na casa dos 50 e poucos anos, que acharam curioso ver dois ciclistas à regressarem de Santiago de Compostela num só dia. Conversa puxa conversa e lá percebemos que o senhor é um pediatra e depois de perceber a nossa missão solidária neste Caminho, fez questão de fazer um donativo, mesmo após eu ter referido que não queria aceitar um donativo diretamente em dinheiro, sem ser através do site. É incrível como alguém que conhecemos há 10 minutos se pontifica de imediato a ajudar, quando por outro lado muitos que nos conhecem há anos não ponderam sequer seguir os nossos vários apelos à colaboração.
Já no percurso descendente até Ponte de Lima (que belas descidas!) encontrámos um grupo de 4 ou 5 ciclistas brasileiros (1 rapaz e 3 ou 4 raparigas) que tinham acabado de subir a Labruja e que estavam visivelmente agastados com a etapa (e ainda com cerca de 15 quilómetros para fazer até Valença).
Chegámos a Ponte de Lima um pouco antes das 17h. Era uma hora excelente para relaxar um pouco numa esplanada e refrescar o corpo com um delicioso gelado. É nessa altura que recebo um telefonema de um amigo, colega de trabalho e companheiro das voltas de BTT por Braga, dizendo que alguns dos ilustres amigos do BTT se juntariam a nós nos nossos últimos quilómetros.
Seguimos então viagem pelo Caminho de Torres, aguardando encontrar os meus amigos a qualquer momento. A verdade é que acabaríamos por nos desencontrar e só após uma espera de 20 a 30 minutos é que o Pedro, o João e o David nos encontraram e fizeram companhia por alguns quilómetros.
Por azar o Pedro acaba por ter um furo complicado. Com o avançar da hora e os mais de 170 quilómetros que já tínhamos contabilizados, decidimos entre todos que seguiríamos viagem com a companhia do João, ficando o Pedro e o David responsáveis por resolver o furo.
Às 21h estávamos a avistar a Sé de Braga, o nosso ponto final da viagem. À nossa espera estava uma pequena comitiva de família e amigos que nos aguardavam com uma refrescante limonada e uns deliciosos biscoitos.
Tempo ainda para passar pelo albergue de Braga para recolher um último carimbo na Credencial e fechar desse modo esta grande, enorme, fantástica aventura.
Faremos um balanço final da viagem, mas até lá sugerimos que nos ajudem a levar a campanha solidária até ao fim… Já faltou mais e à vossa ajuda é imprescindível, por isso passem por www.rumoasantiago.com/apoiar e contribuam!

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