O Caminho que nos esperava hoje de manhã já era nosso conhecido. Em 2012 tivemos a oportunidade de fazer a Via de la Plata e com o congestionamento que o Caminho Francês tem nos meses quentes, na altura optámos pela variante que segue pelo Caminho Sanabrês a partir de Granja de Moreruela. Esta foi, por isso, a nossa opção para este ano.
Como de costume, o despertar foi à s 5h da manhã, para dar o tempo necessário para toda a logÃstica de colocar os nossos pertences na mochila e de preparação das bicicletas.
Alguma dúvida na saÃda de Zamora, mas a sinalização na primeira rotunda após a cidade orientou-nos na direção certa.
Um percurso bastante rolante, com algumas descidas repletas de adrenalina e com subidas também a condizer, para contrariar o acumulado negativo.
Um pouco antes de Granja de Moreruela fazemos uma paragem estratégica numa estação de serviço da autoestrada que tem acesso para o Caminho. Aà conhecemos três veteranos dos Caminhos de Santiago que estão a fazer a Via de la Plata (um alemão, um australiano e um austrÃaco).
Em Granja de Moreruela fizemos a paragem obrigatória para a fotografia no ponto de bifurcação do Caminho. É nesta altura que os nossos amigos portugueses, que estão a fazer a Via de la Plata e com quem nos cruzámos ontem no albergue, chegam também à bifurcação. Feitas as fotos e despedidas, seguimos em direção ao Sanabrês e eles ao Francês.
Uns minutos depois surge Jordi, um espanhol de Barcelona que está a fazer a Via de la Plata em bicicleta e que vai seguir o mesmo itinerário que nós. Iremos encontrar-nos mais tarde em Santa Croya de Tera.
Novamente, à custa da construção do caminho de ferro, o Caminho vai sendo desviado do seu percurso original para fazer uso dos viadutos que passam por cima da linha. Com todos esses desvios e variações em relação ao track que levávamos, acabámos por somar mais 6 quilómetros à nossa etapa, fazendo assim um total de 93 quilómetros.
A marcação do Caminho nesta zona está muito completa. Ainda assim há alguma ambiguidade em alguns pontos que nos levam por dois caminhos diferentes sem que se perceba muito bem a diferença.
Passámos a ponte sobre o rio Esla, onde o Caminho segue por um trilho terrÃvel para bicicleta (subir rocha e percorrer um carreiro junto ao rio com lama e juncos) que, seguindo a regra de “Caminho é Caminho”, fizemos em 2012. Este ano, como já conhecemos esse pedaço, pudemos dar-nos ao luxo de seguir pela alternativa para bicicletas, seguindo pelo alcatrão.
Fizemos mais tarde uma paragem em Tábara para um repasto do costume e descansar um pouco antes de fazermos os últimos 21 quilómetros que nos restavam. A umas dezenas de metros de nós avistamos um peregrino pelo qual já tÃnhamos passado antes. Viemos a saber mais tarde, quando o encontrámos de novo em Santa Croya de Tera, que é um peregrino francês que caminha há 11 semanas desde Paris pelos mais diversos Caminhos de Santiago, fazendo uma série de ligações entre eles até ao momento. A extensão e o tempo que já caminhou é por si só impressionante, mas foi a forma ligeira como caminha, mesmo com um mochilão à s costas, que mais impressionou.
Depois de duas subidas maia agrestes, chegou finalmente a descida até Santa Croya de Tera. Avistamos o albergue de hoje, que é paragem obrigatória no Caminho Sanabrês: a Casa Anita. Um albergue super simpático, muito bem equipado é com gente do mais simpático que há.
A Anita não estava hoje no albergue para nos receber mas a sua irmã Conchi herdou a mesma simpatia e espÃrito divertido.
Depois de todo o ritual de banho, roupa e bicicletas resolvido, fomos à procura de uma padaria que nos indicaram. Não foi fácil encontrá-la, mas ainda fomos a tempo de conseguir trazer do melhor pão que comemos até agora. Depois de mais uma paragem no talho para comprar cecina e na mercearia para comprar fruta, o pequeno almoço e o almoço de amanhã ficaram resolvidos.
O jantar não podia deixar de ser tomado no albergue. A ementa promete e o aspeto das sobremesas deixa antever um fim de refeição em grande.
O Jordi juntou-se a nós para o jantar (optou por ficar no albergue municipal da próxima aldeia, a 1 quilómetro de aqui) e aproveitámos para conversar um pouco sobre o Caminho e as opções para as próximas etapas. É agradável reviver a experiência de conversar com outros peregrinos, coisa que no Levante aconteceu poicas vezes pela ausência de peregrinos.
Amanhã temos uma bela subida constante até Puebla de Sanabria, aproximando-nos aos poucos do ponto mais elevado do Caminho. Há portanto que repousar as pernas que vão ser muito requisitadas amanhã.