Hoje foi sem dúvida um dos mais violentos dias que já tivemos. O corpo já tem algum cansaço acumulado e os cerca de 110 quilómetros que fizemos hoje não perdoaram.
O pior de tudo é que, embora a altimetria nem fosse nada assustadora, com grande parte do percurso em terreno ou plano, ou com uma inclinação aceitável, hoje foi o dia em que subimos ao ponto mais alto do Caminho Francês, na Cruz se Ferro.
A viagem começou serena, por rectas entre vários campos de cultivo hortícolas. Quando chegámos a cerca de 16 quilómetros de Astorga, optámos pela alternativa que seguia em frente e que prometia menos 4 quilómetros indo pela estrada. Tendo em conta o desafio de tínhamos pela frente, pareceu-nos a melhor opção. Na realidade não foi, pois acabou por nos levar por uma volta um pouco maior e que se juntou ao caminho original muito pouco tempo depois da bifurcação.
Logo de seguida encontrámos umas vacas que têm alguma fixação especial por bicicletas, dada a sua curiosidade em provar as rodas das nossas bicicletas.
Seguimos viagem por caminhos dignos de um carrocel, com um sobe e desce constante.
A primeira paragem foi em Astorga. O Óscar já lá estava, dado que se adiantou. O eu vinha com o Júlio, mas não havia sinal do Ricardo. Ele tinha ficado para trás, traído pela sua mochila, que cedeu numa das articulações da estrutura do arnês.
Passado algum tempo o Ricardo chegou e o Júlio acompanhou-nos até à saída de Astorga, altura em que nos despedimos (o Júlio ficou-se por aqui hoje).
Seguimos por mais uns quantos quilómetros até que chegámos a Rabanal del Camino, por volta da hora de almoço. Como ainda faltavam 6 quilómetros sempre a subir até à Cruz de Ferro, decidimos almoçar por aqui. Fomos primeiro a uma pequena tasca que anunciava um menu completo por um preço agradável. Como estava fechada, fomos ver o que se comia num dos albergues. Calhou mesmo bem que a tal tasca estivesse fechada, porque comemos divinamente.
Tivemos pena de não passar a noite neste albergue, pois era muito engraçado. Quando entrámos parecia que estávamos numa feira medieval, tendo em conta a aparência do pátio para o qual se entra directamente. Fomos recebidos por uma senhora muito simpática que queria que ficâsssemos lá hospedados.
Pouco tempo antes de sairmos surge o primeiro peregrino português que conhecemos no caminho e, chegava também de bicicleta.
O momento más angustiante do dia chegou com os 6 quilómetros de subida até os cerca de 1450 metros. Fizemos a subida essencialmente or alcatrão, para poupar as pernas e principalmente o rabo.
Após uns longos minutos a penar, chegámos à famosa Cruz de Ferro.
A seguir chegou o momento alto do dia. Toda a subida acumulada ao longo do dia foi compensada por cerca e 20 quilómetros de descida. E que descida! Foz praticamente todos os trilhos pedestres e foi extenuante ultrapassar todas aquelas descidas técnicas, em boa parte em single track.
Em Molinaseca esperavam-me o Óscar e o Ricardo que, por causa dos alforges e da ausência de travões, respectivamente, optaram pela descida por alcatrão.
Foi uma pena termos passado por Molinaseca tão tarde, pois a água da praia fluvial estava mesmo convidativa. Como ainda nos faltava muito para Vilafranca del Bierzo, não tivemos outra hipótese senão continuar.
O últimos quilómetros são sempre os mais longos e por cima eu vê o Óscar interpretámos mal uma sinalética no caminho, o que nos fez ir por outro caminho e perder pelo menos 15 minutos.
Chegámos ao albergue já bastante tarde e o tempo escasso até que este fechadas foi o mínimo suficiente para um duche rápido e dirigirmo-nos ao restaurante mais próximo para jantar.

Na etapa 9 espera-nos uma distância relativamente curta, embora inclua a subida até à O Cebreiro, cujo acesso em subida é muito famoso.

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4 Comentários

  1. Viva,

    Força, estão quase lá.

    A descida que fizeram hoje é simplesmente espectacular, são mais de 20km fantásticos!!!

  2. Chavales: echad el freno u os vais a quedar sin tierra (110 Kms!!!!!). Estáis hechos unos frikibikers. Espero que en la etapa de mañana (hoy) descanséis mucho, os relajéis y que os dé tiempo para cenar en condiciones (ya estáis en Galicia: carne de rubia gallega, lacón con grelos, empananada de bonito, orujo de hierbas, cerveza estrella de Galicia y…. pulpo??) y hacer algo de turismo cultureta.

    Un abrazo

    Carlos

  3. Amigos… provavelmente este será o último comentário que poderei fazer à vossa Aventura! Irei uns dias a banhos pelo que não terei a certeza de que poderei continuar a ler as vossas estapas diárias!

    Aproveito assim para vos desejar um resto de “Camino” estupendo, sem incidentes e que desfrutem a entrada na Praça do Obradoiro com todos os vossos sentimentos mais profundos a transbordar por esses póros que respiraram o Caminho Francês de Santiago de Compostela. Desfrutem esse momento!

    Um Grande abraço pata Todos
    João Valente

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