Hoje ultrapassámos oficialmente a fasquia do 1/2 da viagem. Temos neste momento 417 quilómetros acumulados, que já começam a fazer-se sentir não propriamente nas pernas, mas noutras zonas mais sensíveis. A expressão do dia é, com autoria do Óscar, “el culo destrozado” :), atendendo às inúmeras horas que temos passado na bicicleta.
A noite foi bastante repousante, não obstante o facto de o albergue estar mesmo junto a uma igreja que marca as horas e cada 1/2 hora com o sino. Como a etapa de ontem foi longa, o cansaço foi mais forte que as campanadas.
O pequeno almoço de hoje foi tomado no próprio albergue, pois Hontanas é uma aldeia muito pequena, perdida no mapa, onde há pouca coisa (mas conta com piscinas municipais :)). Foi uma refeição bem composta, com um belo croissant tipo francês, com manteiga e doce, leite achocolatado, fruta e um queque de chocolate. Por este andar vamos terminar o Caminho com mais peso do que quando começámos :).
A saída de Hontanas fez-se por um trilho um pouco acidentado, que nos levou ao caminho principal.
Passámos pelas Ruínas do Convento de San Anton, uma obra que reflecte um pouco a imagem desta zona de Espanha bastante conservadora no sentido de preservar os seus monumentos.
O primeiro desafio do percurso chegou aos 13 quilómetros, com uma subida de 1050 metros com 12% de inclinação. Um italiano passou por mim e numa tentativa de me incentivar, dizia algo como “piano! Piano”, sugerindo que eu fosse subindo devagar. A única coisa que me vinha à cabeça era que um piano já eu trazia às costas, por cima tendo em conta que a partir de hoje eu e o Ricardo teremos de carregar também as doses dos suplementos que tínhamos deixado em Hontanas aquando da viagem de carro no passado dia 30 de Julho.
Do outro lado do monte esperávamos uma descida com 15% de inclinação e que mesmo sendo pavimentada com betão, impôs algum respeito.
Hoje continuámos a senda por estradões, com um relevo muito pouco acentuado e uma paisagem salpicada por campos de trigo e de girassol. O tempo tem também dado algumas tréguas, uma vez que a temperatura de hoje foi substancialmente inferior à dos outros dias. De acordo com a previsão meteorológica, é provável que venha a chover nos próximos dias. Esperemos que não, porque isso complicaria não só a progressão no terreno,mas também a manutenção das bicicletas e do próprio vestuário.
A existência de alguns canais trouxe algumas verde à paisagem percorrida, em percursos planos onde facilmente se mantinham os 30-35 km/h. Por esta altura perdemos o Óscar de vista, com as nossas paragens para ir tirando fotos. Encontrámo-lo mais tarde em Fromista, a refrescar-se com uma bela caña.
Daqui para a frente viemos sempre juntos, até cerca de 20 quilómetros depois, quando chegámos a Carrion de los Condes.
Como já estava mais que na hora de almoçar, fomos à procura de um supermercado para repetir a receita vencedora, sempre com uma ou outra variação.
A escolha do local para fazer a refeição não podia ser mais óbvia: Carrion de los Condes tem um rio com uma praia fluvial num parque da vila. Encontrámo-lo rapidamente e depois da farta e refeição fomos apaziguar um pouco o cansaço das pernas nas águas do rio. Seguiu-se a já tradicional sesta e por volta das 16h seguimos viagem.
Foram uns quilómetros muito aborrecidos. A maior parte do percurso (inclusivamente antes de Carrion) acompanham uma estrada nacional e indo de bicicleta, preferimos rolar no alcatrão. As imensas horas na bicicleta começam a reclamar terreno e o traseiro começa a ressentir-se bastante.
Ao final do dia chegámos finalmente a Terradillo de los Templarios, onde vamos ficar nesta noite, num albergue muito simpático e com excelentes condições cujo nome é Los Templarios.
Na próxima etapa contamos com mais 80 quilómetros, rumo a uma pequena povoação chamada Villar de Mazarife.
rumoasantiago.com
No meio da confusão da organização da minha viagem esquecime de voçes,mas vejo que estão a comprir com os objectivos,espero que essa viagem marque a vossa vida,como marcou a minha.que conseguis sem problemas nenhuns,atingir a glória da PRAÇA DO OBREDOIRO,E COM ELA UM BOM RESULTADO PELA VOSSA CAUSA.Juventude aquele abraço e um bom caminho
Bem… com esses “bocadilhos” de metro voçês vão mesmo chegar a Santiago com os jerseys mais apertados! Ehehehe!
Menos uma etapa vos separa da bela Praça do Obradoiro… mantenham o espírito e vivam o caminho como têm vivido! Esta será certamente uma experiência que vos irá marcar para a vida.
Grande Abraço a Todos
João Valente
PS: Sigam a seta… que Santiago está cada vez mais perto!
OLá,mais uma vez cá estou a seguir o vosso caminho, com o mesmo entusiasmo como ai estivesse, cada descrição e cada foto, que me trazem á memoria tudo o que de bom passei quando fiz esse mesmo caminho.
Desejo que tudo corra pelo melhor.
Buen Camiño
Luis GAibino