Hoje foi um dia de aventura desde que começou até que terminou.
O dia começou mais cedo que o habitual. Já tínhamos decidido que o despertar iria ser às 6h30, para conseguirmos completar a etapa de 98 quilómetros que nos esperava. Trata-se da etapa talvez mais dura da nossa viagem, com exceção para a viagem de regresso a Portugal que temos planeada.
A verdade é que o ritmo bastante heterogéneo do grupo acabou por alongar um pouco a duração da viagem, tanto que acabámos por chegar a Cadavedo próximo das 22h, sem lugar onde ficar (o único albergue estava cheio, bem como o parque de campismo). Felizmente a ajuda de um restaurante local (onde nos serviram um jantar BBB – bom, bonito e barato) levou-nos até uma senhora de simpatia inesgotável que aluga quartos a turistas.
O percurso de hoje trouxe de volta os trilhos alucinantes que tínhamos conhecido há algumas etapas atrás, no país basco. Já tínhamos saudade deste terreno, uma vez que o alcatrão tem prevalecido demasiado nas últimas etapas.
A dada altura cruzámo-nos com um grupo de 4 canadianos (de Winnipeg), que trocaram umas palavras amigáveis connosco.
Na descida imediatamente a seguir a este encontro, o Adriano, que tinha avançado um pouco à nossa frente, estava sentado no alcatrão , com a bicicleta para um lado e ele para o outro. À custa de uma passagem estreita delimitada por uma barreira metálica, desequilibrou-se, caindo ao chão. Felizmente não passou de uns arranhões num dos joelhos, ainda que tenha gritado de dentes bem cerrados na hora de lavar a ferida com água :).
Com algumas paragens técnicas para fazer o reforço alimentar (uma vez que nos próximos dias não teremos barras energéticas disponíveis), fomos subindo até alcançarmos o monte que seria o grande desafio antes de Cadavedo. Por esta altura o Adriano, vencido pelo cansaço, seguiu por estrada com o Marco até ao ponto de destino. Nós aproveitámos para comer um lanche reforçado para reunir forças para o desafio seguinte.
Uma subida com cerca de 7 quilómetros de comprimento e um acumulado de cerca de 400 metros nos separavam do início da subida até ao cume do monte. Mais uma vez fizemos o gosto aos pés com uma caminhada empurrando a bicicleta num ou outro pedaço da subida, em que o piso não permitia rolar na bicicleta.
A vista no cimo do monte era deslumbrante, com os montes e vales de um lado e o mar do outro. Sem dúvida que foi uma grande recompensa pelo esforço que fizemos encosta acima.
A chegada a Cadavedo ocorreu um pouco antes das 22h. Dirigimo-nos para o albergue municipal, sabendo já em antemão que não íamos ter lugar. Após algumas voltas pela localidade, lá encontrámos o albergue, já com a noite caída, mas já não havia ninguém para nos receber.
Através de um telefonema indicaram-nos um restaurante onde nos ajudariam a encontrar um lugar. Enquanto comemos o jantar, o senhor que nos atendeu teve a amabilidade de contactar todas as pessoas que conhecia que alugasse quartos a peregrinos. Encontrámo-nos um que, por 10 euros por pessoa (menos que alguns albergues) nos deu um tecto e cama para a noite.
Vencida a aventura de hoje, e porque o cansaço instalado já era grande, o dia terminou por aí.
Daqui para a frente teremos de tentar gerir a dinâmica do grupo de forma diferente, uma vez que estamos praticamente no ponto de viragem em que não podemos comprometer o nosso andamento nas etapas que se seguem e que se adivinham duras.

image

image

Um Comentário

Deixe um Comentário