A etapa de hoje trouxe alguma serenidade ao ritmo que temos levado nas primeiras 3 etapas que já realizámos. Sabíamos em antemão que não íamos encontrar uma altimetria tão intensa quanto nos outros dias, que se confirmou. Não foi, contudo, isenta de grandes empenos, mesmo tendo em conta que a maior parte dos quilómetros de hoje terem sido feitos em alcatrão. Aliás, a primeira grande subida logo na saída de Bilbao é descrita nos guias de bicicleta como sendo a subida “rompe piernas”.
Mas voltando um pouco atrás, depois de feito o check out no hostel, o remate final na escrita do resumo diário e a preparação das bicicletas, seguimos viagem de modo a apanhar o Caminho de novo. A dada altura, entusiasmados no final de uma descida em Bilbao, ouvimos gritar pelos nossos nomes: eram os nossos amigos italianos e espanhóis que nos têm acompanhado nesta viagem.
A partir daí o grupo seguiu junto, trilho a trilho.
Nesta etapa vimos aquela que deve ser a ciclovia desportiva maia longa que alguma vez vimos. Embora não tenhamos medido a distância com rigor, devemos ter feito pelo menos 15 quilómetros de ciclovia.
Em Las Arenas parámos para comer um gelado, seguindo a proposta do Adriano. Creio que nunca um gelado soube tão bem, não só porque era realmente saboroso, mas também porque na realidade o Caminho apura todo o tipo de comida :).
Em Las Arenas deu-se mais uma das incríveis coincidências que têm acontecido no nosso Caminho. O José Maria, que tinha ficado no albergue de Lezama um pouco mais depois dos amigos italianos e espanhóis terem partido, estava nessa mesma praia a aproveitar o tempo fantástico que temos apanhado. Esperámos por ele e daí para a frente também nos acompanhou.
Sem grandes episódios de especial realce, chegámos a Castro Urdiales por volta das 19 horas. A passagem pelo albergue de Castro Urdiales revelou o que já temíamos, ou seja, não tínhamos lugar para dormir.
Depois de alguma discussão, decidimos seguir até Islares, onde nos esperava o albergue que faria e esfregar as mãos de contente a qualquer agente da ASAE. As condições deste albergue são mesmo péssimas, com um chuveiro cujo tubo é apenas o tubo de borracha que está no interior do tubo articulado em que pegamos. O puxador da porta do chuveiro (que é único) fica-nos literalmente na mão se o puxarmos e os beliches são uma estreia absoluta no nosso conhecimento, com os seus 3 pisos de altura (quem se deita em baixo sofrerá sempre de claustrofobia).
O jantar ocorreu já bastante tarde, depois das 22h. Não deixa de ser curioso que numa cidade como Bilbao tivemos dificuldade em encontrar um restaurante aberto a esta hora, mas numa povoação pequena tivemos uma boa surpresa. Na realidade até foram mais, dado que a comida estava fantástica e pagámos 11.5eur por pessoa, com tudo incluído. 
Com a dimensão do grupo, torna-se mais difícil progredir com um ritmo um pouco mais acelerado. Por outro lado, não sobram dúvidas de que se torna um Caminho muito mais divertido e enriquecedor, pois são imensas as ocasiões em que o bom humor vem ao de cima e em que surgem oportunidades para irmos descobrindo a experiência de vida de cada um de nós. Está formado um grupo de amigos que provavelmente nunca se voltarão a ver após o Caminho concluído, mas que se hão-de sempre lembrar desta inesquecível experiência.

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Um Comentário

  1. Bilbao para nós foi 1 pesadelo! Seguimos as setas para o albergue e subimos tanto tanto tanto, até uma tal de Santa Àgueda, e depois descemos descemos descemos, para vir parar quase ao mesmo lugar, a Bilbao outra vez! Depois perdêmo-nos para sair de Bilbao, não havia mais sinalização e o nosso track estava longe dali!

    Coisas de não nos esquecemos mais! 😉 Como se a altimetria fosse pouca lol!

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