Depois de uma noite de absoluto descanso, o dia começou relativamente cedo, por volta das 7 da manhã. Curiosamente, ao contrário do que é habitual, os peregrinos pedestres que estavam alojados no albergue não se levantaram mais cedo que nós. O tempo fresco do dia anterior e o facto de serem essencialmente malta jovem são provavelmente as principais razões para isso.
Depois de termos sido literalmente expulsos do terraço do albergue (era suposto deixarmos o albergue até às 8h, mas assumimos que não se aplicava ao terraço, onde calmamente tomámos o nosso pequeno almoço), iniciámos a nossa viagem de hoje.
A etapa começou logo com uma monumental subida em piso empedrado que nos mostrou claramente o que tínhamos reservado pela frente: muita pedra e muitos graus no ângulo de inclinação do terreno.
A viagem correu num autêntico carrocel, cheio de subidas e descidas, muitas delas alucinantes. Este é, aliás, o bilhete de identidade desta etapa, cujo relevo é um pouco mais pronunciado que a etapa de sábado.
Há algo de que nos podemos “orgulhar” hoje: ao contrário de ontem, hoje não houve nenhum imprevisto que nos impedisse de fazer o Caminho sempre pelos trilhos originais que os peregrinos a pé fazem. Inquestionavelmente tivemos de fazer algumas subidas a empurrar a bicicleta, mas a principal conclusão a que chegamos é que é um preço muito pequeno a pagar pela grande recompensa que os trilhos nos proporcionam. É que em bom rigor, as alternativas por estrada acabam por passar ao lado de imensos trilhos originais cicláveis, pois os trajeto não cicláveis são apenas uma parte do Caminho.
A viagem não foi, contudo, isenta de imprevistos mecânicos (que já começam a ser previsíveis). A bicicleta do Frazão teve mais um furo, desta vez na roda de trás. Sendo um pneu tubeless, esperávamos que o líquido (que neste caso era mesmo líquido, aparentemente látex) vedasse o furo, o que não aconteceu. Após uma inspeção do pneu, não ficou claro o motivo do furo, mas encontrámos um verdadeiro espigão noutra parte do pneu que tinha todo o aspecto de fazer parte do pneu há algum tempo.
A solução passou, claro está, por aplicar a segunda câmara de ar Slime que comprámos no dia anterior. Surpresa: o funcionário da loja vendeu-nos, por engano ou distração, uma câmara com pipo grosso. Voltámo-nos por isso para a câmara de ar normal.
Câmara de ar aplicada, o Frazão começa a encher a câmara e começamos a ouvir um silvo de ar a sair do pneu. A primeira impressão é que seria o vedante do tubeless a sair à medida que a câmara de ar tomava conta do espaço dentro do pneu. A verdade era outra, pois na prática a roda teve um furo antes sequer de ser montada. Aplicámos um remendo na câmara e até ver está ok, até encontrarmos uma loja onde possamos comprar uma câmara com válvula presta e com líquido.
Depois de uma manhã muito suada, parámos para almoçar à beira de um dos cruzamentos do Caminho, numa sombra agradável. Após a refeição tomada, deitámo-nos numa pequena área acimentada, onde acabámos por dormir uma sesta de hora e meia.
Pouco antes de seguirmos viagem, um casal nos seus 50=anoa passa por nós de carro e pergunta-nos se iríamos fazer o Caminho por ali. Após a nossa resposta afirmativa, perguntou se tínhamos a certeza e informou-nos que a alternativa por estrada demoraria cerca se 1 hora até ao nosso destino, ao passo que o Caminho que queríamos tomar demoraria pelo menos 3 horas. Escusado será dizer que confirmámos esse tempo :).
Chegámos a Markina por volta das 19h e após pedirmos por instruções até ao albergue de hoje, lá o encontrámos. Trata-se do albergue Intxauspe, que tínhamos reservado previamente por causa dos comentários excelentes que lemos. É realmente um sítio fantástico, com uns donos super simpáticos, boas condições e especialmente comida saborosa.
Partilhámos a refeição com outros peregrinos que estão a fazer o Caminho: uma peregrina que está a fazer o Caminho a pé, dois senhores amigos italianos que estão a fazer o Caminho em bicicleta e um homem e uma senhora que se cruzaram num fórum de Internet sobre Caminhos de Santiago e que combinaram a travessia do Caminho do Norte juntos. Foi um serão muito agradável e enriquecedor, onde trocámos impressões sobre a experiência de cada um no Caminho, falámos sobre o projeto Rumo a Santiago e da campanha solidária deste ano e onde trocámos uma série de piadas, dado que o sentido de humor que imperou ao longo de toda a refeição foi fantástico.
Depois de uma conversa animada ao sr livre no pátio do albergue, chegou o momento de descansar, para podermos tomar conta da etapa desta segunda, que nos vai levar até Bilbao.

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4 Comentários

  1. Se tivessem levado cameras de ar dos chineses, aguentavam mais! Um abraço e boas pedaladas!

  2. Uam daquelas garrafas de sidra foi para nós lol! partilhámos uma com mais 2 russas lol!

    Confirmo os longos trilhos de empurranço e pedras, “torcer” o jersey Rumo a Santiago para eliminar o suor passou a ser habitual lol! Mas quem vai por estarad perde o melhor q o caminho tem!

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