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De todas as etapas que já realizámos a de hoje foi, sem dúvida, a mais monótona e mais confusa. Monótona porque cerca de 3/4 do percurso foi feito em alcatrão e confusa porque para além da falta de setas amarelas em muitas zonas da etapa, o track GPS que trazemos tem um traçado incompatível com a configuração das estradas e autovía por onde passámos (em algumas ocasiões o track atravessa a autovía). Provavelmente a autovía por onde passámos é mais recente que o track.
Pela primeira vez na nossa viagem fomos os primeiros a acordar e sair do quarto. Deu logo para perceber que no nosso quarto seríamos os únicos que estavam a meio de uma viagem pela Via de la Plata :).
Como o cansaço antes de adormecer e o hábito já instalado de nos deixarmos muito cedo, já não conseguimos fazer a selecção das fotografias para ilustrar cada uma das crónicas anteriores. Usámos, por isso, um pouco da manhã para fazer isso, pelo que às 6h20 locais já estava a pé de tablet na mão a navegar por entre as nossas fotografias para fazer uma selecção.
Feita a selecção e disponibilizada num álbum do nosso Picasa e de publicada a crónica referente à etapa de ontem, fomos buscar as bicicletas à garagem onde as tínhamos guardado.

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Ainda era relativamente cedo quando saímos, o que significa que não havia supermercados abertos por perto. Contudo, a umas centenas de metros da pousada de juventude onde ficámos existe um mini mercado que está aberto 24 horas por dia. Comprámos um potente croissant com queijo e fiambre para acompanhar e uma bebida para ajudar a deglutir. Embora a loja tivesse muitas outras coisas com aspecto delicioso, o custo extra que este tipo de lojas tem nos seus produtos demoveu-nos de comprar mais nada. Compensaríamos isso numa paragem estratégica mais tarde :).
Daí para a frente foi sempre a rolar no alcatrão. Fizemos uma ou outra incursão em estradões de terra e até passámos num local por baixo de um dos viadutos da auto estrada com indicações de duas variantes do caminho: uma com direito a fontanário e outra com a indicação “sem água”.

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Só quando virámos para El Cubo del Vino é que soubemos novamente o que era rolar em trilho.
Conhecemos aí dois rapazes espanhóis que também estão a fazer a Via de la Plata desde Sevilha.
Como a fome já dava um ar de sua graça, parámos na mercearia da povoação para comprar um pouco de pão e algo para o rechear. O atendimento na mercearia foi um tanto ou quanto estranho, o casal de proprietários não se entendiam muito bem na ordem dos clientes a atender nem tão pouco dos pedidos. Após algum tempo de espera lá conseguimos fazer as compras e sair da mercearia.
Cá fora estava um senhor que aparenta ter alguma condição mental limitada e que brincava um pouco connosco (no bom sentido) sugerindo a troca de uma das nossas bicicletas pela dele (um daqueles modelos da nossa infância a fazer lembrar uma chopper).

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Decidimos sair da povoação e procurar uma sombra no campo para fazer uma espécie de piquenique com o pão que tínhamos trazido. Parámos junto a uma árvore mais frondosa junto à linha do comboio (que aparenta estar desactivada) para tomar o nosso lanche. Enquanto comíamos passaram por nós 4 ciclistas com ar de quem está a fazer a Via de la Plata. Reencontrá-los-íamos mais tarde, perto de Zamora, junto a um poço que reza a história que concede desejos a quem atirar uma pedra lá para dentro e o formular. Serão provavelmente influências dos lados da antiga Roma :).

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Seguimos viagem quando nos faltavam cerca de 5 quilómetros para Zamora. Por volta das 14h já avistávamos o rio Douro e pouco depois chegámos ao albergue.
Esta foi a grande e agradável surpresa de hoje: das experiências que já tive nos Caminhos de Santiago que já realizei, não me recordo de alguma vez ter sido tão bem recebido! Mal chegámos a hospitaleira Yolanda puxou logo de duas cadeiras para nos sentarmos. Logo de seguida ofereceu-nos um refrescante refresco de chá gelado com açúcar e umas pipocas que estavam servidas na mesa do hall. Carimbámos as credenciais e logo de seguida mostraram-nos as instalações do albergue, que são muito boas. Se estão a pensar fazer este Caminho, recomendo vivamente que planeiem a vossa viagem de modo a ficarem no albergue municipal de Zamora.
Hoje decidimos (tentar) cozinhar alguma coisa para o jantar. Ainda estamos a ponderar essa hipótese, pelo que se não houver nenhum menu del Peligrino que nos convença do oposto, mais logo vamo-nos fazer à cozinha, sendo que o máximo expoente de qualquer um de nós os dois na cozinha não seja muito mais do que por uma lasanha no microondas :).
Com a crónica publicada mais cedo que o habitual, a noite promete ser de maior descanso :). Esperemos que assim seja, até porque a pouco e pouco o albergue está a ficar de casa cheia.

Bom Caminho!

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4 Comentários

  1. É com gosto que vou seguindo as crónicas, etapa a etapa.Que se estejam a divertir! Forte abraço e…Buen Camino 🙂

  2. Do páteo deste albergue o ano passado foram roubadas 2 ou 3 bikes. Disse-nos a Yolanda quando lá estivemos na nossa cicli-viagem do Douro, desde a nascente até ao Pocinho. Excelente albergue, o único senão é q fecha às 22h e nos obriga a jantar “cedo”, para os parâmetros espanhóis… BUen Camino!

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