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Hoje foi um dia relativamente calmo, sem grandes eventos a marcar o dia.
A alvorada não foi propriamente cedo, pois para além de querermos aproveitar para descansar, tínhamos a intenção é parar em Ourense por volta das 12 horas para conhecer a cidade e tomar uma bebida fresca. A saída de Vilar do Barrio foi por volta das 10 horas.

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O percurso até Ourense pautou-se por várias subidas e descidas pelo meio de bosques frondosos. A cor dominante continua a ser o verde e os estradões foram definitivamente substituídos por trilhos mais fechados ou single tracks.
A opção pelas mochilas valeu-nos novamente grandes momentos de diversão, com descidas (e subidas) técnicas que ultrapassámos com relativa facilidade.

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A caminho de Ourense passámos por uma aldeia onde habita a encarnação espanhola do Geppetto. A provar esse facto estão umas estatuetas em madeira cujos detalhes afastam quaisquer ambiguidades andrógenas dos bonecos.

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A chegada a Ourense ocorreu por volta das 12h. A Praça Maior estava muito animada, com um grande grupo de jovens que integrava também muitas crianças. Havia um conjunto de actividades que as forças policiais e bombeiros viradas para as crianças, que se divertiam com o som (ruidoso) das sirentes.

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Percorremos algumas das ruas da zona histórica para conhecer a cidade e para descobrir um bom local para descansar um pouco e tomar um refrigerante. Para aproveitar a onda da paragem para descanso, tentámos a sorte na esperança de escolher um bar com wifi para fazermos as actualizações nas redes sociais. Dos 3 bares que havia na zona escolhida, optámos pelo do meio. Foi uma grand pontaria, porque esse bar não tinha wifi mas os outros dois sim :).

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Por volta das 14h fomos até ao jardim que fica na rua principal da baixa e comemos a sanduíche que tínhamos preparado de manhã para o nosso almoço. Por volta das 15h arrancámos para a segunda parte da viagem do dia.

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A saída de Ourense levou-nos por uma antiga ponte que passa por cima do rio Minho e de onde se avista uma ponte rodoviária com uma arquitectura bastante peculiar.

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O nosso gráfico de altimetria já adivinhava uma segunda parte bastante intensa, que confirmámos de imediato. Foram uns quantos quilómetros em subida íngreme e com piso bastante irregular, que fomos fazendo em estágios de sombra em sombra. Por cima a temperatura tem vindo a subir nos últimos dias, o que também não ajudou nesta parte de uma mistura de alpinismo com ciclismo.
Pela subida encontrámos um poema alusivo ao Caminho que traduz muito do que passa na cabeça e no coração de quem deixa que o Caminho passe por si. Não resisto, por isso, à partilhá-lo convosco na seguinte imagem:

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Felizmente que depois de ultrapassada esta grande fase de subida, o resto do percurso foi bastante acessível.
A cerca de 15 quilómetros de Cea, encontrámos um grupo de 3 ciclistas que estavam a fazer manutenção nas suas bicicletas. Prontamente parámos para apurar se poderíamos ajudar, quando cedo nos apercebemos que os rapazes eram portugueses que estavam a fazer o Caminho do Interior. Após alguns minutos de conversa seguimos viagem e a chegada ao albergue fez-se por volta das 17h.

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O albergue de hoje é bastante interessante. Está perfeitamente enquadrado na aldeia onde se localiza (Cea), construído com o aspecto clássico de casa em granito por fora mas com uma disposição bastante moderna por dentro. Trata-se de mais um dos albergues municipais que a região da Galiza construiu em 1999 por altura do Xacobeu e que são bem mantidos, para o bem dos peregrinos que deles usufruem.
Acabámos por conhecer outros 3 portugueses (um senhor é duas senhoras) que estão a fazer o caminho desde Ourense. Trocámos também algumas impressões sobre o caminho é sobre as diferentes experiências nos Caminhos já realizados. Quando estamos longe do nosso país, é sempre bom ouvir falar português :).

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O momento caricato e saboroso do dia ocorreu à hora de jantar. A nossa intenção era comprar alguns víveres para o pequeno almoço e almoço do dia seguinte e jantar num restaurante qualquer local. Já tínhamos ouvido falar do pão de Cea, mas infelizmente o supermercado já não tinha desse pão. Feitas as compras, fomos procurar uma padaria tradicional, dado que Cea dispõe de imensas. Na caminhada de volta ao albergue por ruas desconhecidas, acabámos por encontrar por mero acaso uma destas padarias e mesmo atendendo ao tamanho descomunal do pão disponível, acabámos por comprar um. Logo surgiu a ideia de provar o pão assim que chegámos ao albergue, mas assim que o provámos (ainda estava morno) não resistimos e devorámos mais de metade do pão e parte do enchido que estava inicialmente destinado ao pequeno almoço.

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Voltámos à mercearia para repor o que precisávamos para o pequeno almoço e regressámos ao albergue com o objectivo de descansarmos convenientemente nessa noite. E assim foi, tanto que esta crónica está a ser escrita no final da noite de dia 9, véspera da nossa chegada a Santiago.

A etapa seguinte (a 14) pregou-nos uma bela partida numa das opções que tomámos, mas isso fica para a próxima crónica.

Bom Caminho!

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