O dia D chegou. Após extensas semanas de preparação para a grande aventura deste Verão, a partida para Sevilha estava iminente.
O início da travessia não se deu sem alguns imprevistos. Na véspera da partida, todo o processo de preparativos finais alongou-se muito mais do que o esperado. A viagem para Castelo Branco só aconteceu após a meia noite e chegados lá ainda havia uma série de tarefas para completar. Contas feitas, não só não conseguimos dormir, como também saímos com quase 3 horas de atraso.
O grupo ficou, a partir de hoje, oficialmente reduzido a duas pessoas, com a não comparência do Hugo Serrazina.
A viagem até Sevilha foi pacífica. Como tínhamos condutor de serviço (cortesia do pai do Norberto :)), foi uma oportunidade para ir fechando os olhos. Surge então o segundo imprevisto: como iríamos necessitar um serviço de telemóvel espanhol para poder ter Internet móvel no telemóvel, procurámos uma loja Vodafone para o fazer. E encontrámos, só que os dois clientes que estavam já na loja tomaram, sem exageros, mais de uma hora para serem atendidos. Passada essa hora, foi altura de procurar um posto de correios para enviarmos parte do nosso reforço alimentar (suplementos) para o albergue de Salamanca, onde terminaremos a nossa etapa 7. Depois de realizarmos esta tarefa, foi altura de um merecido almoço.
Por volta das 15h30 locais foi então altura de começar a pedalar.
A hora de partida tardia avizinhava um ritmo mais acelerado, sob pena de não conseguirmos chegar ao nosso destino a horas decentes. A primeira parte do percurso, até aos 20 km, foi bastante acessível. Essa parte foi essencialmente alcatrão, em ambiente urbano e praticamente plano. Os mais de 1000 metros de acumulado fizeram-se sentir depois, quando as subidas acertaram connosco.
A dada altura do percuso, após u pequeno desvio que tomámos por distracção, apercebemo-nos que o caminho implicava atravessar um riacho que, a julgar pelo cheiro, era de salubridade duvidosa. O Frazão foi o primeiro a fazer as honras da casa, atravessando numa zona com rochas que permitiam atragessar, embora de forma muito precária, o riacho. Por azar, um pé em falso na última pedra fez com que o Frazão metesse, literalmente, o pé na poça :). Após este percalço e uma troca de piadas, seguimos viagem.
Uma das subidas mais duras deu-se a 3 km de Almaden de la Plata. Deparámo-nos com uma autêntica parede, que mesmo a pé nos custou imenso a fazer. Não nos espantou,por isso, que o nome dessa subida tivesse “calvário” no nome, como comprovámos na tabuleta que está no cimo do monte que subimos. Vale o facto de essa subida ter sido compensada com uma divertida descida mesmo antes da população.
Chegámos ao albergue por volta das 21h e deparámo-nos com uma porta aberta e um número de telefone de contacto, em caso de necessidade. Este é um dos albergues que estão à disposição dos peregrinos sem que haja alguém permanentemente nas instalações a receber-nos. Depositam plena confiança nos peregrinos e tratando-se de uma pequena localidade, é possível ter uma porta aberta sem quaisquer receios.
O albergue, que pede um donativo de 5 eur por pessoa, tem condições muito boas. As camas dividem-se por vários quartos equipados com beliches, sendo que tivemos a sorte de ter um quarto para 2 pessoas. As casas de banho e os duches são amplos o suficiente, tem uma cozinha funcional e tanque para lavagem manual de roupa.
Arrumámos as bicicletas num pátio fechado, tomámos um merecido duche e fomos procurar um local para jantar. O bar/restaurante La Concha foi a nossa (boa) escolha, onde por 8 eur tomámos uma refeição completa com direito a 2 pratos, bebida, pão e sobremesa.
O dia não durou muito mais tempo. Estávamos sem dormir decentemente há quase 48 horas e bastaram minutos (se é que não foram segundos) para adormecer.
Resumindo, esta etapa acaba por oferecer alguma dificuldade principalmente por concentrar uma boa parte do acumulado de subida depois de meio do percurso. Não oferece também nenhuma paisagem deslumbrante, com excepção da bela vista com que fomos prendados após a subida do Calvário.
Assim terminou o primeiro de 15 belos dias a pedalar!

Algumas notas de rodapé: embora seja nossa intenção complementar estas crónicas diárias com fotografias, o método que tínhamos idealizado para passar fotografias para o tablet falhou no momento em que nos apercebemos que nos falta um cabo USB com ficha micro de um lado e mini do outro. A nossa esperança reside no El Corte Inglés de Mérida, onde esperamos encontrar o que necessitamos no próximo domingo. A segunda nota diz respeito a estes textos: como são redigidos num tablet cujo teclado é responsável pela escrita de 2/3 dos caracteres através da escrita inteligente, é natural que surja uma ou outra palavra descontextualizada. Além do mais, embora eu já tenha aderido ao novo acordo ortográfico, o teclado não, pelo que estes textos serão escritos segundo o português antigo.

Um Comentário

  1. Sempre a meter o pé na poça

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