A etapa de hoje resume-se a uma palavra: fantástica! Se houvesse um dicionário do Caminho, Galiza seria sinónimo de verde e de sobe e desce.
A saída de Triacastela foi particularmente gelada, com uma temperatura particularmente baixa. Tomámos o pequeno almoço num pequeno café perto do albergue, onde reencontrámos dois sul coreanos que tinham passado pelo nosso albergue no dia anterior, à procura de sitio para dormir. Não conseguiram lugar no nosso albergue, mas de alguma forma conseguiram dormir na localidade.
Fomos descendo pela estrada, que ia alternando com percursos em terra. Aliás, a etapa de hoje foi muito neste género.
A certa altura tivemos de fazer uma nova opção de caminho e dado que o que consta é que o percurso de Samos é muito mais bonito que o de San Xil, fomos por aí.
As descidas foram fantásticas, em trilhos que são do melhor que pode haver.
Samos tem um mosteiro fantástico, embelezado pelo rio Sarria que passa pela localidade. Após uma breve volta ao monumento para o registar em foto, seguimos viagem.
Mais tarde, quando eu e o Ricardo abordámos um trilho que estava marcado no track gps que tínhamos carregado e que era uma alternativa ao alcatrão, separámo-nos do Óscar. E como não seguimos em frente em certa parte do percurso alternativo, acabámos por andar às voltas num monte que aparentemente não tinha saída. Voltámos para trás e seguimos caminho pela estrada.
Mais adiante, enquanto o Ricardo seguia um pouco adiantado em relação a mim, não se apercebeu de uma marcação do caminho e que indicava para a direita. Ainda chamei por ele, mas como seguiu assumi, tivesse optado por seguir pelo alcatrão, dado que os travões quer da frente quer de trás da bicicleta do Ricardo já viram melhores dias.
Segui viagem por trilhos fabulosos, com vários single tracks de cortar a respiração. Tenho imensa pena que a GoPro só chegue no fim do mês, porque não há palavras ou fotografias de descrevam estes trilhos. Acabei por me encontrar com o Óscar mais tarde, na localidade de Sarria, junto a uma loja de bicicletas. Como tinha ficado mais ou menos assente que íamos tentar a reparação dos travões nesta localidade, esperámos cerca de 1 hora pelo Ricardo. Na realidade ele já ia mais adiantado, dado que foi seguindo o track que tínhamos para a etapa de hoje e como aparentemente este passa por caminhos que estão inutilizados de momento, acabou por passar longe de Sarria.
Acabámos por reencontrar o Ricardo em Porto Marin, numa altura em que eu e o Óscar estávamos a tratar da saúde a uma empanada de atum e a duas coca colas para o almoço.
No caminho até Porto Marin passámos por um grupo português de jovens que, ao verem a bandeira portuguesa que trago na mochila, me reconheceram como português. Fizeram uma festa enorme, enquanto lhes acenei e os perdi de vista na valente descida por onde seguia.
Depois da terminado o almoço, o Ricardo seguiu viagem. Eu e o Óscar optámos pela instaurada siesta digestiva e saímos de Porto Marin um pouco antes das 16h.
Porto Marin foi o ponto mais baixo do dia em termos geográficos, pelo que já se adivinhava uma bela subida até ao nosso destino.
Atravessámos a ponte que passa por cima do rio Minho (o “nosso” Minho que faz a fronteira entre Valença e Tui) e começámos logo a esticar as pernas numa subida acentuada, num trilho alternativo ao original, uma vez que este último se encontra de momento encerrado para obras.
O restante percurso foi pacífico, com subidas progressivas ora por caminho, ora por alcatrão.
Chegámos a Palas de Rei por volta das 17h20, e após um merecido banho fomos dar uma volta na povoação em busca de um sítio para jantar.
Como o frio que se faz sentir não apela muito ao passeio na rua e como a vontade de descansar é considerável, retirámo-nos aos nossos aposentos naquela que será a última noite em albergue. Creio que mesmo tendo em conta as vezes que partilhámos a divisão com vários peregrinos e os roncares e outros ruídos indiscretos que se fizeram ouvir de vez em quando, vamos sentir saudades desta rotina diária.
Amanhã partiremos Rumo a Santiago, na derradeira etapa desta grande odisseia. Faltam cerca de 65 quilómetros para o nosso destino e embora a hora de chegada seja sempre uma incógnita, esperamos entrar na Praça do Obradoiro entre as 17 ou 18 horas locais. Podem acompanhar o nosso progresso, como sempre, no mapa dinâmico do nosso site e com um pouco de sorte e pontaria no olhar, pode ser que nos vejam na webcam que está instalada na Praça e cujo feed podem encontrar na nossa secção de multimédia.

ULTREIA

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3 Comentários

  1. Mais uma vez cá estou de novo a seguir a vossa caminhada(pedalada), dizem que inveja é coisa feia, mas sou sincero que inveja de não estar aí!!! realmente tudo o que transcrevem nestas linhas são exactamente aquilo que senti quando fiz o Camiño Frances!!!!

    Já cheira a Santiago 🙂

    Buen Camiño

  2. Paisagem fantástica!

    Que inveja. 🙂

  3. Bonitas paisagens amigos! Ainda bem que se divertiram!

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