Uma das questões mais frequentes para quem se propõe a realizar travessias longas em autonomia, é a forma de transportar os materiais do dia-a-dia em alforges ou em mochila.

As opiniões não são consensuais. Por um lado, os alforges permitem aliviar a carga no corpo. Contudo, por norma o peso do conjunto acaba por ser mais elevado do que a opção da mochila e há sempre tendência a carregar mais os alforges.

Um outro problema que se coloca com os alforges é o facto de ser muito difícil encontrar modelos adequados para aplicar em bicicletas de suspensão total. Existem algumas soluções no mercado que consistem num suporte acoplado ao espigão do selim. Esta solução tem muita tendência a rodar em torno do espigão, para além de ter um limite de carga muito reduzido.

A mochila oferece também algumas vantagens. Em primeiro lugar, a manobrabilidade da bicicleta é muito maior do que usando alforges (isto é muito importante em trilhos mais técnicos). Em termos de custo, dependendo do modelo seleccionado, é por regra uma solução mais barata do que a opção de alforges.

Existe ainda a hipótese de utilizar um reboque próprio para bicicleta. Esta é, sem dúvida, a opção mais indicada para transportar uma carga grande. No entanto, o peso acrescido do reboque e a forma como este afecta a mobilidade da bicicleta tornam esta solução pouco cómoda (em particular nos troços técnicos e nas subidas não cicláveis).

Perante isto e tendo como referência os vários relatos de aventureiros que já fizeram o Caminho Francês utilizando mochila, estamos determinados a enveredar por esta opção.

Salomon REVO 35

Dado que não dispunha de uma mochila à altura para esta aventura, procurei por um modelo que reunisse boas características em termos de volume e baixo peso e um custo reduzido. A Decathlon tem uma série de modelos muito interessantes a preços acessíveis. No entanto, num golpe de sorte travei conhecimento com um BTT’ista que já fez alguns Caminhos de Santiago e que tinha adquirido recentemente uma mochila da conhecida marca Salomon a preço de arromba numa grande superfície outlet de material de desporto. Foi assim que adquiri uma mochila Salomon REVO 35 por cerca de 39,90EUR.

Com um peso de cerca de 1.2Kg e uma capacidade de 35L (divididos por vários compartimentos), esta mochila é muito polivalente. A estrutura das costas, cuja rigidez é mantida com uma estrutura com varas de carbono em tensão, permite afastar a superfície da mochila das costas do utilizador. Para distribuir a pressão da mochila pelas costas, a superfície de contacto é constituída por uma rede tensa, que proporciona também um arejamento muito bom das costas.

 

Ergon BC3

O nosso segundo elemento da equipa que irá participar nesta aventura irá dispor de uma mochila já com provas dadas numa outra expedição de longa duração. Trata-se da Ergon BC3, uma mochila com um grande volume e com algumas inovações em termos ergonómicos que tornam a sua utilização muito cómoda.

Um dos pontos chave desta mochila é o sistema FLink, que consiste num ponto de rotação que fixa as alças à mochila. Este sistema permite a mobilidade dos ombros do utilizador sem que a mochila propriamente dita se mova. Esta mochila conta também com uma estrutura rígida que permite conduzir até 80% do peso carregado para a zona das ancas, aliviando assim as costas e os ombros.

Em termos de especificações genéricas, esta mochila conta com uma capacidade de 25L e com um peso base de 1.8Kg.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ambas as mochilas permitem a utilização de um reservatório de hidratação (pode-se utilizar o reservatório típico dos Camelbak).

Em princípio a mochila irá ser complementada com uma bolsa de guiador, não só para distribuir o peso, mas também para ter um local de carga facilmente acessível (para ter acesso fácil à carteira, documentos, credencial do peregrino, etc).

21 Comentários

  1. Boas…
    fico contente e com saudades do camiño francês que fiz no ano passado.

    Relativamente à questão das mochilas, alforges ou extrawheel… no grupo tivemos quem utilizasse mochila, alforges (eu) e extrawheel, e pela experiência:

    Mochilas – têm que ficar bem justas ao corpo e ter uma zona sem ter contacto directo com as costas (tipo rede) haver um espaço de modo a facilitar a circulação de ar e de objectos a roçar constantemente nas costas. Entretanto ser de fácil acesso ao seu interior e no exterior várias bolsas e os 2 exemplos acima… não me parecem adequados, nomeadamente o 2º modelo. Atenção à altura, porque nas descidas tem tendência a “subir” e “bater” no capecete e dificultar a rotação da cabeça (experiência própria noutras travessias).

    Alforges – Foi a minha opção! e digo-vos… qq outro camiño que faça e estando com ideias de fazer a “Transperinaica” em 2012 deve ser a opção… em detrimento da mochila.

    Extrawheel – acho que não… pq depende dos trilhos que façam neste camiño. Eu (nós) optámos por fazer o pedestre em Btt e houve trilhos que a Extrawheel não passava, pela características do trilho (mt estreito), no entanto, achei o comportamento irrepreensível, mas acho que não é o mais adequado para este tipo de perfil, nomeadamente o ínicio, e as zonas consideradas mais “difíceis” e técnicas… exigindo um esforço adicional (acho eu)

    Qq dúvida, estou ao vosso dispôr…

    • Carlos, obrigado pelo feedback.
      Este ano vamos testar a opção da mochila, pelas razões que referi no artigo. Neste campo, as experiências são um pouco ambíguas, pois já vi pessoal a defender qualquer uma das hipóteses. Contudo, como vamos usar bicicletas de suspensão total (que representam maior dificuldade para encontrar um sistema de alforges eficaz), a mochila pareceu-nos a melhor opção.
      O meu companheiro de BTT que me vai acompanhar nesta aventura já fez uma travessia nos Alpes com a BC3 e o balanço foi muito positivo. Depois do dia 10 de Agosto cá estarei para corroborar essa opinião ou para começar a escolher os alforges para a próxima aventura :).

      • Boa tarde Norberto,

        concordo plenamente contigo relativamente a alforges/suspensão total, claro que a mochila é a melhor opção e acredito que no final a tua apreciação será positiva. Aconselho no entanto, a uma boa opção de mochila como referi anteriormente, e se a BC3 está à altura, de certeza que foi uma boa escolha.
        Agora desejo-vos tudo de bom… aguardando com expectativa noticias do vosso “camiño” pois tenho a certeza que vos marcará para o resto das vossas vidas….
        Abraço.

  2. Para bikes de ST tb é possivel apoiar os alforges nas escoras…
    procurem no site “bicibrino”.
    Comprei lá e o dono é impecável.

    • O problema é que as bicicletas que levamos têm a escora muito baixa (o amortecedor é de acção directa, montado sob o tubo superior do quadro). Além do mais, como são de carbono, o uso de alforges não é recomendável. De qualquer forma a mochila revelou-se uma opção fantástica. Irei falar disso posteriormente, mas posso adiantar que se pudesse escolher de novo, era a mochila que levava.

  3. Olá,

    Vou fazer um travessia BTT em autonomia de 19 a 24 de Agosto que liga Mira de Aire ao Douro (Entre-os-Rios) e depois até Espinho onde terminará.

    Optei por levar mochila e acabei por comprar uma REVO 35 (31 litros). Já a estive a testar com o material que vou levar (+\- 5kg) e parece-me bastante confortável. No entanto parece-me que o capacete nas descidas poderá interferir com o capacete como já foi dito.

    Gostava de saber mais pormenores acerca da experiência do Norberto.

    Entretanto vou levá-la ao monte para testar.

    Obrigado pela atenção,

    João Noiva

  4. João, se não utilizar a bolsa superior da mochila e se o volume do material que leva não encher até ao topo a secção principal da mochila, então creio que não terá problemas nas descidas.
    Inicialmente eu tinha as minhas coisas divididas pelas várias bolsas, incluindo a do topo da mochila. Isso fez com que a “altura” da mochila fosse maior do que o desejável. Após o primeiro dia optei por não usar a bolsa superior para volumes grandes e já não tive o problema da mochila bater no capacete.
    Posso dar-lhe a garantia de que fiz os 11 dias com 8.5KG + 2 litros de água às costas e em momento algum senti uma dor que fosse nos ombros ou nas costas.
    Posso garantir que numa próxima travessia que faça, a opção será, sem sombra de dúvida, a mochila. O comportamento da bicicleta fica inalterado e dado que a mochila não acrescenta desconforto algum, nem vale a pena pensar em alternativas.

    • Olá Norberto,

      Agradeço a partilha de informação. A nossa travessia foi fantástica. Fomos 3, Eu com a mochila Salomon, um amigo com famigerada Transalpine 30L da Deuter e o outro com alforges. Conclusão breve: para o tipo de travessia que fizemos os alforges são um verdadeiro tormento porque colocam o peso todo na bicicleta e comprometem a maneabilidade da bike e colocam o esforço físico todo no ciclista e quando é necessário apear por causa de obstáculos o mesmo se passa. Quanto à Deuter Transalpine 30L (sensações transmitidas pelo meu amigo), é uma excelente mochila bem adaptada ao BTT, o problema da altura não se coloca é bastante compacta e obriga a uma gestão do espaço cuidada. No que respeita ao apoio de costas, o sistema Airstripes System revela-se confortável mas não muito eficiente na evacuação do suor das costas. Os bolsos laterais do apoio de cintura em rede são exíguos e literalmente não servem para nada. No que respeita à Salomon Revo 31L logo que fiz o teste inicial que o percebi intuitivamente o que o Norberto disse (e que só li agora) e optei por não encher muito as bolsa superiores e só nas descidas mais íngremes é que sentia o contacto do capacete na mochila, nada de muito relevante pois a concentração sobrepõe-se ao leve incómodo sentido. A Revo é muito espaçosa e como não tem compartimentos permite uma arrumação mais fácil que a Deuter. Quanto ao sistema de ventilação Airvent system é simplesmente fantástico pois além de extremamente confortável permite evacuar quase todo o suor das costas, quando parava estas estavam praticamente secas. Devido à configuração do Airvent system a mochila tem um aspecto volumoso. As bolsa de cintura laterais são generosas e acessíveis e permitem transportar os objectos mais utilizados sempre à mão.
      Para finalizar. Para estas aventuras e outras que sejam maioritariamente em BTT os alforges são na nossa opinião de evitar pelas razões atrás referidas e pelo peso total do conjunto (cerca de 5,5 kg de material + 3,5 kg de estrutura). As mochilas são a melhor opção. A duas são extremamente confortáveis permitem uma condução igual da bike e levam tudo o que é necessário. Nos cerca de 440 km que fizemos nem uma dor de costas mesmos nas etapas mais duras e uma dúvida que tinha desfez-se as alças das mochilas não interferem com as dos calções. As mochilas com todo o material pesaram cerca 5,850 kg e com água chegavam cerca de 7,5 kg. Para já fico por aqui. Abraço.

  5. Viva,

    Eu irei fazer o caminho de Santiago, pela via da prata até finisterra.
    Serão cerca de 350Kms.
    Tenho uma suspensão total e estou a pensar optar pela mochila. Pelo que aqui li, a Solomon parece ser uma excelente opção.
    Onde se pode comprar?

    • Olá Jorge,

      Eu comprei na Sportzone Outlet de Coimbra (retail parque de Eiras), numa promoção muito boa (custou-me 39EUR, por uma mochila que custa cerca de 100EUR).
      Não sei se a Sportzone vende este modelo noutra loja. Na internet há muitas lojas (essencialmente estrangeiras) que a vendem e sinceramente, tendo em conta o óptimo resultado que tive com a mochila, aconselho seriamente a sua compra para viagens deste género.

  6. Olá Norberto,

    Já consegui comprar a mochila. Não foi a um preço tão bom, mas ainda assim não foi mau, cerca de €50.
    Vou começar a utiliza-la nos treinos para me habituar ao peso em excesso nas costas. Só estou habituado ao peso da água e pouco mais.

    No final do mês de Outubro irei fazer o percurso até Finisterra e logo direi quais as sensações com a mochila.

    Obrigado pelo conselho.

    • Olá Jorge.
      Também estou a pensar fazer o “camino” desde o Porto no ultimo fim de semana de Outubro, e pedia-te se fosse possível dizeres onde compraste a tua mochila Revo 35.
      Se foi na SZone podias deixar aqui o código que está no talão? Porque na loja do NorteShopping não têm, mas precisam do código para ver se existe noutra loja, e mandar vir de onde tiverem stock.
      Agradecendo desde já a atenção.

  7. Neste fim de semana fiz o primeiro treino com a Salomon Revo 35 às costas.

    Tive algumas dificuldade em a ajustar como deve ser (mas isto vem da falta de prática em usar mochilas deste género). Mal me coloquei em cima da bicicleta, percebi logo que estava a descair para a direita, devido ao mau ajuste das alças. AOs pouco fui acertando e lá foi ficando melhor.
    Da próxima também irei ter mais cuidado com a colocação do recheio.

    À parte dos ajuste, fiquei bastante satisfeito. Andei 50kms e as costas pouco se queixaram e terminaram praticamente secas, com excepção da parte lombar, que estava um pouco mais molhada.

    O 1º teste foi positivo, até porque levava mais 5kgs às costas do que o habitual.

    Tenho uma dúvida que agradeço se alguém me souber esclarecer. A forma de ajuste da mochila para andar de bicicleta é igual para andar a pé?

  8. Jorge, desculpe a resposta tardia, mas por alguma razão não recebi notificação de recepção do seu comentário.
    Relativamente ao ajuste da mochila, a minha sugestão é que deixe as alças suficientemente largas de modo a que o fundo da mochila assente na região lombar (as alças, a parte de trás da mochila e as suas costas devem fazer um triângulo). Deste modo conseguirá distribuir mais o peso da mochila e aliviar os ombros quando não estiver numa posição mais “racing” (menos deitado sobre a bicicleta). Eu usei esta regulação e como disse, não sofri nem um pouco das costas.
    Para que isto funcione bem é também importante que as correias da cintura fiquem bem ajustadas, bem apertadas (sem exageros, claro). A correia do peito também deverá estar bem apertada para impedir que a mochila descaia como referiu.
    Outra “técnica” que pode usar para evitar essa deslocação da mochila é garantir que os volumes mais pesados vão no fundo da mesma. Na secção “Logística->Equipamento” encontra um artigo sobre a preparação da mochila que o poderá ajudar nesse sentido.

    HENRIQUE, tente ligar para o serviço central da SportZone. Eu comprei a minha mochila na SportZone de Eiras (Coimbra), mas eles não tinham lá a mochila em stock. Eu liguei para o serviço central de apoio ao cliente da SZ e pelo nome (Salomon Revo 35) eles chegaram ao produto e fizeram-no chegar à SportZone de Eiras (não podia ser outra porque a mochila estava numa outra outlet – creio que em Monchique – e a ser entregue noutra SZ não poderia usufruir do desconto de outlet).

    • Obrigado na mesma.
      Acabei por optar por uma Trail 27 (da Dec..on).
      Espero dar-me bem com ela (e ela comigo).

  9. Na altura também ponderei essa Trail 27. Certamente que se vai dar bem com a mochila, é essencialmente um camelbak mais encorpado :).
    Eu acabei por optar pela Revo 35 pela maior capacidade e pelo facto de ficar com uma mochila mais polivalente. Se por acaso não me tivesse deparado com a promoção, o mais certo era ter optado por uma das opções da Decatlhon (com sérias probabilidades de a escolha recair sobre essa Trail 27).

    Boa sorte com a mochila e Buen Camino!

  10. A minha ida a Santiago ficou adiada devido ao mau tempo. Deveria ter sido no fim-de-semana passado, mas a meteorologia indica fortes tempestades e neve nas terras altas.

    Para evitar surpresas, resolvemos adiar o passeio para Abril/Maio do próximo ano.

    Só aí é que terei o teste definitivo da mochila:)

    Mas agradeço a ajuda. É muito importante o ajuste da mochila e o acondicionamento da mesma.

  11. Henrique,

    Eu comprei na Sportzone do retail parque de Braga.
    Também não tinham lá a mochila, mas o fucncionário (que conhecia a mochila) foi ao computador e com uma pesqusa por Revo35 detetou onde havia e mandou vir para a loja.

    Não tenho agora aqui o talão comigo. Logo que seja possível colocarei aqui o código.

    Já vi que compraste outra mochila.

    Sempre foste fazer o caminho no último Fim-de-semana?
    Qual o caminho que fizeste?

  12. Antes de tudo parabéns pelo blog, descobri recentemente e estou a ser leitor assíduo do mesmo visto que o gosto pelos Caminhos de Santiago aumenta de cada vez que faço mais um.

    Quanto à questão das mochilas vs alforges, sempre optei por mochila nas três travessias que fiz (2008 – Português, 2009 – Senabrês, 2011 – Português) e nunca me arrependi das escolha.

    Em 2008, por incrivel que pareça, consegui “empacotar” tudo o que tinha numa mochila de hidratação da Decathlon com capacidade para 1.5l de água + 2 l. Não me perguntem como, mas desenrasquei-me.

    Nas travessias seguintes, andei a ver mochilas com maior capacidade e a escolha recaiu sobre as mochilas de trail.

    Comprei uma Diosaz Raid 17 na Decathlon por cerca de 30 euros. Com capacidade para 17l + 2l de água. Normalmente abdico da bolsa da água e opto por bidons de água.

    É uma mochila barata, compacta em que levo tudo o que preciso lá dentro para não ficar “apeado”. Foi a melhor opção que encontrei pois não quis, nem quero mochila maior para as travessias que faço de 3/4 dias.

    http://www.decathlon.pt/PT/diosaz-raid-17-68810199/#

    Existem maiores dentro do mesmo modelo.

    Abraço
    Ivo Fenandes
    http://www.tpfernandes.com

    • Ivo, muito obrigado pela mensagem.

      Antes de ter encontrado a Revo 35, ainda ponderei a Raid da Decathlon. É uma mochila muito leve e prática e a versão de 27L teria provavelmente sido suficiente para a minha travessia do Caminho Francês. No entanto tive a sorte de encontrar a Revo a um preço imbatível que me fez esquecer tudo o resto que tinha visto.
      Se não tivesse comprado esta minha mochila, a Raid era capaz de ter sido uma opção a considerar, como referi num outro comentário. Talvez pense nisso quando fizer uma travessia mais curta (para já a próxima vai ser ainda mais longa que a última, com os planos apontados para a Via de La Plata).

      Cumprimentos,
      Norberto

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