Etapa 12 – mal começou, acabou

Colocado em 17 de Junho, 2018 | 0 comentários

Mais um dia de viagem, mais uma etapa concluída: hoje foi dia de ligar Salamanca a Zamora.

O dia come como habitualmente, com o despertar por volta das 6h da manhã. O panorama durante a saída de Salamanca foi um tanto ou quanto desagradável, pois às 7h15 da manhã as ruas estavam plenas de jovens completamente embriagados, ora a cambalear, ora sentados ou deitados no chão. Cenário triste, portanto.

Passada a zona de Salamanca o alcatrão ganha de novo espaço. Das setas amarelas nem sinal e a dada altura o track gps segue por uma área de cultivo que provável outrora foi Caminho mas que agora obriga a uma volta diferente.

Daí até El Cubo del Vino não haveria grande diversidade… O Caminho basicamente acompanha uma estrada nacional e por duas ou três vezes muda de lado (com passagens inferiores sob a estrada).

Mas curiosamente hoje os papéis inverteram-se um pouco: eu (o peregrino ciclista) segui por caminho (não é um caminho colado à estrada, está desnivelado e nalgumas partes até separado da estrada por uma vedação), enquanto que dois ou três peregrinos que avistei em alturas diferentes seguiam por alcatrão.

Foi só depois de El Cubo del Vino que o Caminho ganhou alguma variedade no percurso, muito embora de pouca duração. Os estradões infindáveis no meio de campos de cultivo rasgam a paisagem e novamente para quem faz este Caminho a pé não é fácil ver o horizonte e não ver onde termina cada reta.

Ao chegar a Zamora deparei-me com uma barreira policial: hoje foi dia de prova de atletismo na cidade e após conversar com o polícia para perceber se poderia seguir viagem, ele lá me sugeriu seguir devagar pelo passeio.

E com tudo isto ainda não era meio dia quando cheguei ao albergue de Zamora. Por algum tempo olhei para o meu itinerário e altimetria da etapa seguinte para perceber se valeria a pena meter-me ao Caminho e seguir viagem. A verdade é que gostaria de ter feito uma etapa de modo a parar em Tábara, onde dizem que ainda se vive o verdadeiro espírito do Caminho. Contudo, atendendo aos 70 quilómetros que teria de fazer, acabei mesmo por ficar por Zamora (pela terceira vez desde que comecei a fazer o Caminho de Santiago).

Sem grandes surpresas, os hospitaleiros do albergue são extremamente simpáticos. Por acaso eles passaram no albergue um pouco antes das 13h e sugeriram que arrumasse logo a bicicleta e a mochila, pois o Albee só abre às 14h e os hospitaleiros ainda iam almoçar. Eu já contava esperar por ali até à hora de abertura, mas eis que entretanto chega um peregrino espanhol, quando os hospitaleiros ainda estavam pelo albergue (e o albergue com a porta aberta) e desata a reclamar do horário. Claro que teve de se conformar, mas é sempre desagradável ver alguém reclamar assim, principalmente tendo em conta que é um albergue de donativo e que os hospitaleiros são voluntários, não recebem nada para além de um sorriso e um obrigado.

Mas no fim tudo se compõe e a estadia em Zamora foi a primeira onde consegui privar um pouco com alguns dos peregrinos que por aqui estão. É sempre agradável conversar um pouco com outras pessoas.

Amanhã é movam dia de destino incerto. Agora sem o albergue Casa Anita a zona de Santa Croya de Tera / Santa Marta de Tera já não é tão convidativa, pelo que quando lá chegar logo vejo o que faça.

Bom Caminho!

*PS: com uma etapa tão rolante como a de hoje, as fotografias ficaram um pouco mais esquecidas. Terei de ir ao baú de memórias do Caminho para rever as fotos desta etapa que fiz em 2012 🙂

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