Sexta feira, dia 16. Oitavo dia deste Caminho, a partir de agora já começo a pedalar não segunda metade (nos dias, não propriamente nos quilómetros).
A ida para Lubian ontem revelou-se uma excelente opção. A manhã começou logo com uma grande, longa, inclinada subida alternada entre alcatrão e estradão (embora o primeiro em maior proporção). Apesar de tão longa, o corpo parecer já ter entrado em modo de cruzeiro e foi possível pedalar sempre certo ate Portocamba.
Foi só mais tarde, em Campobecerros, que chegou a altura de enfrentar o árdua subida pelo trilho de lajes de xisto, que até agora só conhecia como descida alucinante.
Pelo caminho da subida deparei-me com o primeiro grupo de ciclistas que encontrei hoje depois de Laza. Desciam todos muito a medo aquela que é una das descidas mais divertidas de se fazer em BTT :). Se procurarem no canal do YouTube do Rumo a Santiago vão encontrar lá uma bela demonstração dessa descida num vídeo que fiz em 2012.
Terminada essa subida estava o primeiro grande desafio do dia ultrapassado. O seguh chegaria mais tarde, na subida até ao alto da Canda. Foi por aí que me cruzei com uma peregrina sul coreana, que já está no Caminho há uns meses (primeiro o francês, agora a via de la Plata). É preciso coragem (e tempo!)!
Atendendo ao tipo de trilho não ciclável do percurso entre o alto de A Canda e Lubian, desta vez optei pela rota de ciclismo, que serpenteia por uma antiga estrada nacional, sempre em descida.
Já em Lubian, depois de alguns minutos junto ao albergue a ponderar se ficaria ou seguiria (era cerca de 13h30), como senti que o corpo estava finalmente adaptado ao esforço (com a subida ao alto de A Canda – no sentido oposto ao normal, recordo – feita sempre a pedalar, tirando os pontos com água por onde passa o trilho) e aproveitámos tolerância ao calor também estava favorável, segui com a ideia de fazer mais 21 quilómetros até Requejo.
E assim foi: os primeiros 10 quilómetros por estrada até Padornelo (escaldantes quilómetros) e o restante em descida ora de alcatrão ora de terra até ao destino.
O albergue municipal é muito modesto (basicamente é um quarto com umas 16 ou 18 camas em beliches), mas aparentemente asseado. Faz falta uma cozinha, mas para dormir é suficiente.
Amanhã chegarei a Santa Croya de Tera e com os 21 quilómetros adicionais feitos hoje, não antevejo grandes dificuldades.
Bom Caminho!
