Etapa 5 – encosta atrás de encosta… Acima! 

Posted on 13 de June, 2017 | 4 comments

Terça feira, dia 13. Hora de alvorada: 5:00. Hora de partida: 6:15.

Depois do sacrifício dos dias anteriores, o plano de hoje foi antecipar a partida em uma hora face ao que tinha planeado, para desse modo conseguir usufruir do tempo fresco o mais possível. 

Bem… Lá fresco estava… Ao passar Castro Daire (passei por lá para evitar a longa fila de pedras espaçadas entre si que permitem travessia do rio Paiva) a chuva começou a cair e a menos de 2 segundos do local onde eu estava na altura caiu um relâmpago ensurdecedor. Ora não tendo eu a pretensão de virar pára raios, decidi abrigar-me da chuva antes de ganhar altitude. 

Na verdade o tempo fresco e até ventoso durou uma boa parte da manhã, o que foi fantástico para conseguir chegar a Bigorne (o ponto mais alto das etapa de hoje). 

O percurso da manhã incluiu um misto de estradão com single tracks e trilhos que se assemelham mais a “vegetação onde por acaso muito de vez em quando passa alguém”. Por isso parte das tarefas de hoje foi periodicamente retirar a vegetação que ia levando comigo no guiador junto às extremidades 🙂 e sacudir exaustivamente as pernas para garantir que não levava comigo algum passageiro indesejável. 

O corpo começa já a mostrar sinais de se estar a adaptar ao nível de esforço necessário e mesmo que lentamente, a maior parte das subidas cicláveis foram feitas à pedalar. 

Ao chegar a Bigorne aproveitei para repousar um pouco e tomar algo no café que fica à entrada da povoação (diga-se de passagem, pelo que me cobraram pelo que tomei, só com a minha despesa devem ter feito o dia 🙂 ). Foi aí que percebi que existe um percurso novo até Lamego diferente do que tinha planeado. O meu percurso segue essencialmente pela N2, numa descida empolgante em que se gasta toda a energia potencial e mais alguma que foi acumulada nesse dia e no anterior. Já o percurso novo segue pelo monte em direção ao parque eólico que se avista no topo do monte. Em anos anteriores a escolha seria óbvia: pelo monte e seguindo o mote “Caminho é Caminho”. Contudo, o facto de estar a fazer o Caminho sozinho em bicicleta e a incerteza do que iria encontrar inibiram-me de tomar essa decisão, em prol da segurança e de garantir uma hora de chegada confortável. 

Por isso até Peso da Régua o percurso foi essencialmente serpentear N2 abaixo. Daí para a frente as subidas cobraram uma boa parte do descanso que foi a descida. Nada que subir em ziguezague não resolvesse! 

Nota especial para a paisagem: vinhas por todo o lado! É muito bonito ver todas aquelas encostas cobertas com vinhas. 

Após a última descida digna desse nome deparei-me com um ribeiro atravessado por uma ponte de cimento. Após atravessar a ponte tive akguna dificuldade em encontrar a continuação do Caminho, pois o que parecia caminho óbvio era apenas algo sem saída. Só passados alguns minutos é que me apercebi de que o muro que delimita a margem do rio dá acesso a um estreito trilho por onde segue o Caminho. Foram cerca de 700 metros a subir degraus e a fazer um jogo de equilíbrio para circular no trilho e ao mesmo tempo garantir que não fazia uma visita repentina ao terreno desnivelado vários metros abaixo de mim à minha esquerda, isto num trilho que não terá muito mais do que 30cm de largura. 

Não poderia terminar uma etapa destas sem deitar cá para fora um dos meus pulmões. Os últimos 900 metros percorrem vinhas até à aldeia, num caminho super inclinado e que se torna martirizante de fazer com a bicicleta à mão (pedalar então está fora de hipótese). Aos pára arranca fui subindo até que finalmente alcancei a aldeia. 

O albergue fica situado já na saída da povoação, relativamente afastado da mesma. Depois de várias voltas à procura dele, consegui encontrá-lo “escondido” à minha direita na estrada que segue para além da povoação. 

Aqui fui super bem recebido pela senhora que representa a instituição que faz a gestão do albergue, que emana simpatia e disponibilidade para ajudar. Mas há mais: caso os peregrinos assim o desejem, trazem o jantar e pequeno almoço. Tendo em conta que isto está no meio do nada, sem qualquer mini mercado ou restaurante por perto, vale bem a pena! 

O albergue em si é muito bom… Excelentes instalações e bastante confortáveis. É mesmo uma pena que haja pouca gente a fazer este Caminho, pois tem excelentes condições nos albergues. 

Amanhã espera-me Parada de Aguiar, onde consta que está o albergue mais icónico deste Caminho. Estou curioso! 

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