Etapa 6 – o rio cheio que estava vazio

Colocado em 11 de Junho, 2018 | 0 comentários

Córdoba ficou hoje para trás e a Via de la Plata aproxima-se a passos largos.

Hoje finalmente acordei na hora programada: às 6h da manhã levantei-me e fui tratar de arrumar na mochila as coisas que ainda estavam pendentes.

Aproveitei a cozinha do hostal (Osio Backpackers, muito jeitoso para o preço) para preparar o pequeno almoço e também aquilo que viria a ser o lanche da manhã, o almoço e o lanche da tarde 🙂

Tomado o pequeno almoço, hora de vestir o equipamento. Imprevisto do dia: o fecho eclair perdeu a pequena peça que garante que o fecho fica fechado no fundo. Foi portanto altura de puxar do kit de costura e improvisar um bloqueio permanente no fundo para continuar a dar uso ao jersey.

A saída de Córdoba foi um tanto ou quanto confusa. Eu vinha a seguir o track gps, mas nem sinal das setas amarelas. Não sei se quem produziu o track também se afastou delas, ou se o Caminho já passou por ali outrora e as marcas despareceram.

Quando saí tinha em mente o primeiro desafio do dia: a subida a Cerro Muriano. Bem, que sova! Trata-se de uma subida em que grande parte é em rocha, em que nalguns casos foi necessário “atirar” primeiro com a bicicleta, segurá-la com os travões e só depois subir. Este foi o ritual durante provavelmente quase duas horas (valeu o facto de ainda estar cheio de força 🙂 )

Logo a seguir a Cerro Muriano encontra-se uma zona militar muito ativa. Desde militares armados a fazer uma incursão no mato, camiões, carros de combate, etc, tudo estava ao rubro.

Segui viagem por uns single tracks bem interessantes que acompanham uma estrada na relativamente movimentada. Esses trilhos vieram à dar lugar a um caminho mais largo que desta vez acompanhava praticamente colado a uma estrada secundária. Aí, pela saúde do meu traseiro, optei por seguir pelo alcatrão 🙂

O dia ainda teria umas 3 ou 4 subidas mais pronunciadas e foi depois de Villaharta que surgiu o segundo imprevisto do dia: as setas divergiram do track (tal como já tinha sucedido noutras ocasiões durante o dia de hoje), mas desta vez depois de uma descida até ao nível de um riacho obrigaram-me a subir por mais de 30 minutos por um trilho de pé posto, cheio de ervas altas, com a bicicleta ao lado. Aqui urge uma alternativa para bicicletas.

A 22 quilómetros de Alcaracejos passei por uma quinta no meio do nada onde um senhor idoso, um tanto ou quanto estranho, me abordou perguntando se estava a seguir o Caminho de Santiago e que não podia seguir as marcações porque há um rio que tem água quase pelo pescoço e que não ia conseguir atravessar. Claro que nesse momento fiquei preocupado e como o homem me pareceu estar sintonizado noutra estação, segui as indicações que já tinha.

O rio de facto apareceu, mas apesar de bastante largo, está praticamente seco. Não foi, por isso, um problema.

A chegada a Alcaracejos aconteceu por volta das 16h15 e ainda ponderei bastante fazer mais 22 quilómetros para chegar a uma outra localidade com albergue municipal, mas a vontade de descansar levou-me a ficar por aqui.

Terceiro imprevisto do dia: um bocado antes de Villaharta passei por um casal de sul / centro americanos (mais tarde percebi que são de Puerto Rico). Eu já estava no albergue, de banho tomado, quando batem à porta. Quem era? Esses mesmos peregrinos. Ou seja, vi-os a mais de 45km de onde estou e eles ali estavam.

Conclusão: estão em modo “busigrino” 🙂

Amanhã espera-me uma etapa longa, muito embora com uma altimetria mais simpática. Espero que corra tudo bem e que o tempo se mantenha como tem estado por aqui.

Deixe um Comentário