Etapa 14 – Olá Galiza

Colocado em 19 de Junho, 2018 | 0 comentários

Estou neste momento a 3 dias se Santiago. Já levo na bagagem muitos momentos inesquecíveis e também uns bons quilómetros feitos.

Hoje foi dia de fazer as despedidas de Castela e Leão, numa etapa de cerca de 80 quilómetros desde Santa Marta de Tera e a localidade de Requejo.

É curioso como a paisagem muda radicalmente de um dia para o outro. Os longos estradões já não se vêem e é agora a floresta é trilhos mais sinuosos que prevalecem.

Depois de feitas as despedidas do Kim (o simpático senhor coreano que pernoitou no albergue), segui viagem. Os primeiros quilómetros acompanham o rio Tera e a temperatura influenciada pelo rio faz-sentir fresquinha.

Calzadilla de Tera seria a próxima localidade por onde passei. Aqui o percurso tem sinalização ambígua uns 800m antes da povoação. Novamente qualquer uma das duas alternativas vai dar ao mesmo sítio, mas eu segui pela direita (acompanhando o canal).

Antes de chegar à barragem de Nossa Senhora de Agavanzal o percurso está alter em relação a antigamente: em vez de acompanhar o rio, sobe pelo monte por um estradão. A volta é maior, mas a julgar pela zona, deduzo que a alteração esteja relacionada com possíveis cheias onde o Caminho passava.

Depois de passar a ponte sobre o dique da barragem vira-se à esquerda para uma estreita estrada de alcatrão que contorna grande parte da margem norte da barragem. É um percurso simples de fazer e muito bonito, com a mancha de água sempre pela nossa esquerda.

Pouco depois já estava em Villar de Farfon. Como no dia anterior não encontrei sítio para carimbar a credencial, aproveitei para parar no albergue Rehoboth e pedir o carimbo. Este é o tal albergue erguido há algum tempo por uma família sul africana e que é tão popular pela hospitalidade. A saber que ontem estava a menos de 1h30 dali e que havia lugar no albergue, não teria hesitado em seguir viagem.

Seguiram-as Rionegro del Puente e Mombuey, duas localidades de referência neste Caminho. Entre estas duas localidades o Caminho faz-se num trilho estreito ladeado por erva alta e que exige algum cuidado, dado que nem sempre se vê o piso. Além do mais o piso ondulado é uma “excelente” massagem para o traseiro :).

Uns quantos quilómetros mais adiante, já depois de passar algumas localidades menores, surge Asturianos, uma localidade com um al be pitoresco e também ponto típico de fim de etapa. É depois desta localidade que convém ter alguma atenção à sinalização: o Caminho segue pela direita no primeiro entroncamento a seguir à povoação, saindo do alcatrão uns metros depois. Contudo, existe uma sinalização improvisada nesse entroncamento que sugere que as bicicletas devem continuar pela N-525. O motivo é muito simples: o percurso normal, para além de ter grandes calhaus lá pelo meio no piso, tem imensa lama. Eu sugiro que digam pela estrada, até porque Palácios de Sanabria é logo a seguir e não vão perder assim tanto quanto isso.

Puebla de Sanabria é uma espécie de marco do Caminho Sanabrês. Quem faz este Caminho deve considerar ficar aqui pelo menos uma vez, pois a localidade é muito pitoresca e come-se boa carne de vitela por aqui.

Eu decidi seguir um pouco mais, desta feita até Requejo. A distância de Puebla não é assim tanta, mas sempre alivio os quilómetros de amanhã, que mesmo assim vai doer. Além disso, o único albergue disponível em Puebla de Sanabria (para além de outros tipos de alojamento) é o albergue Casa Luz, mas dirigido pelo que creio serem os piores hospitaleiros que já encontrei. É um casal de idosos, cada um mais rezingão que o outro. É um cenário que explicado não se entende, só visto. Aparte disso o albergue até está bem (lugares de estacionamento para bicicletas, bons duches), exceto talvez o número de camas para o espaço disponível.

Por isso mesmo sabendo que o albergue de Requejo é muito básico, tem a minha preferência.

E com isto terminou a etapa. Houve ainda tempo de praticar mais uma vez o francês meio enferrujado com uma senhora peregrina francesa que está a fazer a Via de la Plata sozinha. É sempre agradável conversar com outras pessoas depois de um dia inteiro a falar sozinho :).

Amanhã Laza espera por mim, bem como Padornelo logo pela manhã 🙂

Bom Caminho!

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