Etapa 10 – o dia em que os single tracks brilharam

Colocado em 15 de Junho, 2018 | 0 comentários

Décimo dia de viagem. Depois de uma noite meio atribulada por causa de mosquitos (o raio dos bichos conseguiram entrar no quarto através de uma brecha entre o vidro e a estrutura), deixei a barragem de Alcântara para trás.

O Caminho começa logo a subir. Os estradões lisos e rolantes deram lugar a caminhos com bastante pedra.

A chegada a Cañaveral faz-se por um caminho muito acidentado e técnico, com bastante rocha, mas divertido de se fazer. Daí para a frente é o alcatrão que reina por uns quantos quilómetros, até que voltei a enveredar por caminhos de terra.

A subida a seguir a Cañaveral já se adivinhava mais dura e novamente o piso cheio de pedra e a inclinação muito acentuada deram o espaço necessário para alguns minutos de caminhada :).

O melhor que as subidas têm é que quase sempre são seguidas por uma descida. Neste caso até Grimaldo o caminho segue por inúmeras quintas onde o ritual habitual de abrir e fechar portões se torna quase exasperante (hoje perdi a conta aos portões por onde passei).

A um quilómetro de Grimaldo surge uma decisão a tomar: continuar pela direita e seguir até à povoação, ou continuar em frente na direção de Galisteo. Eu optei pela segunda hipótese e logo que alcancei a estrada de alcatrão mais próxima voltei a encontrar o track gps.

A partir daí começou o momento alto do dia. Já não me recordava, mas a descida até Galisteo, e creio que até após esta localidade, é feita quase exclusivamente em single tracks. Nada de muito técnico, mas é um gozo imenso serpentear num trilho estreito, ladeado por malmequeres e outra vegetação rasteira. Foi mesmo muito bom!

A veia comercial do Caminho também já se começa a notar. Os vários cartazes a anunciar albergues, restaurantes, etc, “decoram” os portões por onde se vai passando. E é natural que isto se veja mais por aqui, pois é notório que há mais gente a fazer o Caminho a partir daqui (hoje devo ter passado por pelo menos 15 peregrinos).

Em Galisteo aproveitei para descansar e comer o lanche da manhã. Há 6 anos atrás esta foi a localidade de fim de etapa (quando eu tinha mais juízo e planeava etapas mais curtas), mas desta vez foi só meio do caminho.

Repostas as energias, segui viagem. Mais single tracks para me divertir e lá bem mais à frente, uns poucos quilómetros antes de Cáparra, está um legado histórico romano: uma antiga povoação e o que resta de um verdadeiro caminho romano.

A uns 7 quilómetros de Aldeanueva o meu track gps divergia bastante da marcação. Enquanto que a marcação conduz os peregrinos para a direita através de caminho, o track gps seguia pela estrada. Como as opções por estrada são para mim um último recurso, resolvi confiar na marcação. Devo dizer que não são os melhores caminhos para bicicletas, dado que são carreiros muito estreitos e que em vez de malmequeres têm silvas. Mas no fim valeu a pena a opção.

E pronto, 92 quilómetros depois cheguei a Aldeanueva del Camino. O albergue onde fiquei é uma vez mais muito bom (Casa de mi Abuela), com excelentes condições e com um trato muito simpático.

Hoje vai ser uma boa noite de descanso, pois a Serra de Bejar está amanhã à minha espera logo pela manhã :). O destino ainda é uma incógnita, pois creio que consigo ir mais além de onde tenho planeado, mas também não me interessa ficar na confusão de Salamanca num sábado. Logo veremos.

Bom Caminho!

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