Etapa 13 – Caminho suado, Caminho abençoado! 

Posted on 21 de June, 2017 | 3 comments

Quarta feira, 21 de Junho

Esta foi, provavelmente, a etapa mais dura do período “pós recuperação” das primeiras etapas.

Às 6h da manhã, com o termómetro a marcar 22°C, saí de Quiroga. Os primeiros 8 quilómetros seriam de subida e aparentemente tudo indicava que seria feito por alcatrão. Esta premissa seria entretanto rebatida, dado que a estrada deu lugar a um estradão que atravessa, em ziguezague, um pinhal.

A Galiza começa a mostrar a sua força e majestosidade. Por aqui não há rectas planas nem zonas áridas. Aquilo que encontro à medida que Santiago fica mais perto são trilhos em floresta, tudo muito verde, que nos obrigam constantemente a pedalar ou a gerir muito bem a velocidade nas descidas.

Com exceção de um ou outro momento em que desci por alcatrão, no geral hoje foi dia de descidas (muito) técnicas. Algumas dessas descidas seriam muito bem vindas numa saída típica de BTT, mas quando se carregam 10kg às costas e se traz uma bolsa no guiador que não gosta muito de solavancos, tudo tem de ser feito de forma muito ponderada.

Por isso mesmo os heróis da etapa de hoje foram os travões. Devo dizer que os Shimano SLX me têm impressionado pela positiva, mas a solicitação contínua que lhes exigi durante a etapa de hoje mostraram alguma cedência à fadiga nas descidas mais prolongadas e inclinadas.

A etapa apresentava para hoje 3 grandes desafios: o primeiro surgiu logo no início, como referi acima. A segunda grande subida, com um perfil de “bochechos”, cedo avisou que não seria pêra doce. Os estradões foram intercalados com single tracks que não parecem ser muito usados, a julgar pela erva alta. Junte-se a isso pedras espalhadas pelos single tracks, ocultas pela erva, e o cuidado a ter para não visitar o chão obrigou aí a desmontar.

Mesmo com o calor que se faz sentir, alguns trilhos, por estarem muito embrenhados em vegetação alta e arbustos, estão ainda carregados de lama. Numa certa ocasião, perante um cenário completamente enlameado e pouca vontade de chapinhar na lama, busquei um percurso alternativo por estradão que me permitisse evitar esse lamaçal. Talvez tenha acrescentado um quilómetro à distância total da etapa, mas o nível de salubridade com que a terminei valeu a pena 🙂

O terceiro desafio chegou por volta das 13h. Depois de uma descida altamente técnica, cheguei à represa de Belesar, uma espécie de paraíso aquático escondido num vale onde passa o rio Minho. Toda a altimetria perdida nessa descida teve de ser recuperada e sob o calor imenso àquela hora fui ziguezagueando pela estrada, alternando por entre alguns atalhos por onde passa o Caminho.

Mas o desafio foi uma vez mais ultrapassado e cheguei a Chantada, penúltima paragem antes de chegar a Santiago de Compostela.

Como não existe qualquer albergue nesta localidade, a estadia de hoje é um pequeno luxo num pequeno, mas confortável hotel. E a companhia é muito especial: como não haveria ninguém disponível para abrir a garagem à hora que pretendo sair, o rececionista sugeriu levar a bicicleta para o quarto 🙂

Amanhã regresso ao Caminho Sanabrês. O destino planeado é A Laxe, mas para além de ainda não ser certo que o albergue esteja a funcionar, o mais provável é conseguir alongar a etapa até Silleda ou mesmo Bandeira, podendo assim antecipar por umas horas a chegada a Santiago no dia seguinte.

Bom Caminho!











3 Comments

Leave a Comment