Terça feira, 20 de Junho
O despertador tocou à hora já habitual… Mas a noite não foi de sono descansado e resolvi entregar-me à preguiça por mais 45 minutos.
Faltavam então 15 minutos para as 5 da manhã quando saltei da cama e tratei de arrumar tudo na mochila (não o fiz antes de me deitar, novamente por preguiça 🙂 ).
Com um atraso de 1 hora face ao que queria inicialmente, comecei a pedalar por volta das 6 da manhã. Já se estava a ver o que vinha aí, pois a essa hora já se fazia sentir um ar quente.
Os primeiros quilómetros foram ligeiramente a subir até ao estradão que dá acesso à saída do enclave em que As Medulas está. A paisagem circundante é deslumbrante e depois de saber um pouco mais sobre a história deste local (ontem após o jantar tive oportunidade de falar com um residente sobre isso), ainda mais impressionado fico. Para quem não sabe, As Medulas eram uma antiga exploração de ouro do império Romano, cujas primeiras atividades remontam ao séc. I d.C.
A etapa desenrolou-se ao longo de diversos trilhos cicláveis que estão frequentemente a acompanhar água. A vista é por isso regalada frequentemente até Os Barcos com imagens dignas de um quadro!
O aproximar da água com esta frequência significa uma coisa muito óbvia: subir é descer constante. Se a altimetria de hoje a um nível macroscópico é uma ligeira descida, são as várias irregularidades da curva de altitude, com uns quantos picos lá pelo meio, que traduzem o acumulado acima da média de hoje.
É em A Rua que surgem as maiores dificuldades da etapa de hoje. Esta é a maior localidade desta etapa e depois de atravessar a cidade (com algum improvisar para evitar sentidos proibidos por onde seguem as setas), começa a ascensão marcada na altimetria.
Por esta altura o calor já era considerável e tudo indicava que uma boa parte do percurso seria por alcatrão, o que se veio a confirmar. Posso afirmar que estes quilómetros a seguir a A Rua são terríveis para quem faz o Caminho a pé, com pouca ou nenhuma sombra e sempre em estrada.
Quando a estrada deu lugar a caminhos, a dificuldade não foi amaciada. O piso irregular, nalguns casos feitos de rocha em que só com grande destreza se pedala, obrigou a desmontar algumas vezes.
Com o termómetro a marcar 48°C ao sol, a mente só pensava no destino. Como já referi noutra crónica, nesta fase da viagem já me sinto muito melhor fisicamente e felizmente a minha tolerância ao calor está no que é costume em mim. Aliás, mesmo com estas temperatura elevadíssimas sinto muito menos desconforto do que o que sofri na terceira etapa, entre Albergaria-a-Velha e Viseu. Isso não evitou, contudo, que me assemelhasse a alguém acabado de sair do chuveiro, pois mais parece que estou a personificar o ciclo completo da água 🙂
Cheguei a Quiroga por volta das 13:30, com estadia prevista na “pousada da juventude” cá do sítio e dando assim por terminada a etapa de hoje.
Bom Caminho!